Lição 8 - A Teologia de Zofar: O Justo não Passa por Tribulação? (4 Tri. 2020)
(Foto: Maique Borges) — Foto: Cooperadores do Evangelho


TEXTO ÁUREO 
“E terás confiança, porque haverá esperança; olharás em volta e repousarás seguro.” (Jó 11.18) 

VERDADE PRÁTICA 
Segundo as Escrituras, até mesmo o justo passa por tribulação. 

LEITURA DIÁRIA 
Segunda - Jó 11.4 
É possível autojustificar-se diante de Deus? 
Terça - Jó 11.5,6 
Quem pode conhecer a verdadeira sabedoria de Deus? 
Quarta - Jó 11.7,8 
Quem pode desvendar o mistério de Deus? 
Quinta - Jó 11.9,10 
Quem poderá impedir os planos de Deus? 
Sexta - Jó 20.4,5 
O júbilo dos ímpios é breve e a alegria dos maus é momentânea? 
Sábado - Jó 20.6,7 
O ímpio, por ventura, desaparecerá? 

  
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Jó 11.1-10; 20.1-10 

Jó 11 
1 - Então, respondeu Zofar, o naamatita, e disse: 
2 - Porventura, não se dará resposta à multidão de palavras? E o homem falador será justificado? 
3 - Às tuas mentiras se hão de calar os homens? E zombarás tu sem que ninguém te envergonhe? 
4- Pois tu disseste: A minha doutrina é pura; limpo sou aos teus olhos. 
5 - Mas, na verdade, prouvera Deus que ele falasse e abrisse os seus lábios contra ti, 
6- e te fizesse saber os segredos da sabedoria, que é multíplice em eficácia; pelo que sabe que Deus exige de ti menos do que merece a tua iniquidade. 
7 - Porventura, alcançarás os caminhos de Deus ou chegarás à perfeição do Todo-Poderoso? 
8 - Como as alturas dos céus é a sua sabedoria; que poderás tu fazer? Mais profunda é ela do que o inferno; que poderás tu saber? 
9- Mais comprida é a sua medida do que a terra; e mais larga do que o mar. 
10 - Se ele destruir, e encerrar, ou juntar, quem o impedirá? 

Jó 20 
1 - Então, respondeu Zofar, o naamatita, e disse: 
2 - Visto que os meus pensamentos me fazem responder, eu me apresso. 
3 - Eu ouvi a repreensão, que me envergonha, mas o espírito do meu entendimento responderá por mim. 
4- Porventura, não sabes tu que desde a antiguidade, desde que o homem foi posto sobre a terra, 
5 - o júbilo dos ímpios é breve, e a alegria dos hipócritas, apenas de um momento? 
6- Ainda que a sua altura suba até ao céu, e a sua cabeça chegue até às nuvens, 
7 - como o seu próprio esterco perecerá para sempre; e os que o viam dirão: Onde está? 
8 - Como um sonho, voa, e não será achado, e será afugentado como uma visão da noite. 
9- O olho que o viu jamais o verá, nem olhará mais para ele o seu lugar. 
10 - Os seus filhos procurarão agradar aos pobres, e as suas mãos restaurarão a sua fazenda. 

HINOS SUGERIDOS: 524, 539, 562 da Harpa Cristã 

OBJETIVO GERAL 
Mostrar que Zofar, assim como seus amigos, defende que os ímpios sempre serão punidos e os justos recompensados. 

OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos. 

Destacar no entendimento de Zofar que o sofrimento de Jó fazia parte de um sábio julgamento divino; 
Explicitar que a conversão defendida por Zofar era de natureza legalista; 
Esclarecer que a teologia de Zofar limita a soberania Deus na sua capacidade de julgar. 

INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Nesta lição estudaremos o discurso do terceiro amigo de Jó, Zofar. A tese que este último defende é a de que o justo não passa por tribulação. Ou seja, para ele, se houver tribulação é porque não há justiça na vida da vítima. Essa teologia já esteve muito presente em nosso país. A ideia de que o sofrimento, as tribulações da vida e outros dilemas humanos não são para o cristão, não é de todo nova. Entretanto, as Escrituras nos mostram claramente que quem está em Cristo, não significa que tenha ausência de problemas e provações, mas que há uma grande diferença na forma de passar por eles: uma firme convicção de que Cristo passa junto. 

INTRODUÇÃO 
Nesta lição veremos o discurso de Zofar, o último amigo de Jó a falar na série de debates (Jó 11; 20). Ele insistirá na tese de que o justo não passa por tribulação, à semelhança do que pensavam seus amigos Elifaz e Bildade. Todavia, Zofar é mais duro e impiedoso na acusação contra Jó. Ao contrário de seus amigos, ele faz dois discursos suficientes para derramar seu ressentimento contra o patriarca. Ele o acusa de se levantar contra sabedoria divina e aconselha Jó a voltar-se para Deus. 

PONTO CENTRAL 
O justo passa por tribulação. 

I – DEUS SE MOSTRA SÁBIO QUANDO AFLIGE O PECADOR 

1. Deus grande e sábio. 

2. Deus não é indiferente à ação do ímpio. 

3. Tolos se passando por sábios. 


SÍNTESE DO TÓPICO I 
Deus é grande e sábio; os amigos de Jó tentam se passar como representantes dessa sabedoria. 

SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO 
Inicie a aula de hoje indagando aos alunos: Os bons não passam por tribulações? Só os maus sofrem? Deixe que eles respondam as perguntas livremente e os ouça com atenção. Perceba que as questões trazem consigo desconforto, pois elas nos afetam sinceramente. 

A ideia com esse exercício é mostrar que, conforme exposto no tópico, muitos podem cometer as mesmas injustiças de Zofar se não atentar para o seguinte fato: a relação da soberania divina com a realidade humana nos escapa totalmente. Por isso, olhemos com mais carinho para o que se passa com o outro e, no lugar de julgá-lo precipitadamente, atentemos para resolver de que forma podemos ajudá-lo 

II – A CONVERSÃO COMO RESPOSTA À AFLIÇÃO 

1. Purificação moral. 

2. É possível negociar com Deus? 

3. A angústia de Jó.


SÍNTESE DO TÓPICO II 
Zofar tenta uma espécie de purificação moral de Jó, conclamando-o ao arrependimento ritualístico. 

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO 

“Exortação à humildade e ao arrependimento (11.13-20). Zofar foi insensível até aqui, a ponto de ser ríspido em seu tratamento com Jó. Mas ele não entregou os pontos em relação ao seu antigo amigo como se fosse um caso perdido. Ainda existe a oportunidade de Jó recuperar-se da sua terrível condição. Visto que ele está certo de que algum pecado cometido por Jó é a raiz da sua condição e que o sofrimento de Jó resulta desse pecado, a resposta é simples. Jó deveria estar aberto e humilhar-se em relação ao seu mau procedimento. Isso exige reparação, inclusive uma preparação apropriada do seu coração (13) para colocá-lo num relacionamento correto com Deus. Estende as tuas mãos para ele subentende súplica em oração para remover a iniquidade da sua vida e do seu lar (13-14). Quando isso for feito, Jó estará apto a levantar o seu rosto sem mácula (15). Sua vida será mais radiante e alegre do que antes. Todas as causas do medo serão removidas, e em seu lugar haverá segurança e esperança em sua vida (17-19). Zofar pede para ele olhar em volta. Muitos acariciarão o teu rosto (19) significa: ‘Muitos procurarão o seu favor’ (NVI)” (CHAPMAN, Milo L.; PURKISER, W. T.; WOLF, Earl C. (et al). Comentário Bíblico Beacon: Jó a Cantares de Salomão. Rio de Janeiro: CPAD, 2014, p.50). 

III – DEUS JULGA E CASTIGA OS PECADORES

1. O castigo dos maus.

2. Jó diante de um paradoxo. 

3. A verdade vem à tona. 


SÍNTESE DO TÓPICO III 

Zofar diz que todos os maus são punidos, mas Jó apresenta um paradoxo: a experiência mostra que muitos deles são bem sucedidos. 

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO 
“Após sua grande declaração de fé em 19.25-27, Jó consegue alcançar um grau marcante de serenidade. Mesmo depois das conclusões mordazes do discurso de Zofar, ele não reage com o mesmo tipo de tensão emocional que caracterizam seus discursos anteriores. Neste capítulo ele começa a pensar mais claramente acerca das questões levantadas em vez de gastar suas energias em erupções emocionais que descrevem seu sofrimento e frustração. No ciclo de discursos, a preocupação de Jó era com o fato de sentir que Deus havia se tornado seu inimigo. Em seguida, ele foi esmagado ao perceber que seus amigos o desertaram, a ponto de se colocarem contra ele. Mas agora o discurso de Zofar faz com que Jó assuma uma posição positiva em relação aos argumentos dos seus amigos. Ele contradiz esses argumentos com evidência prática. Ele constata que prosperidade e retidão não andavam invariavelmente juntas. Também fica evidente pela observação da vida que a maldade nem sempre é castigada” (CHAPMAN, Milo L.; PURKISER, W. T.; WOLF, Earl C. (et al). Comentário Bíblico Beacon: Jó a Cantares de Salomão. Rio de Janeiro: CPAD, 2014, p.64). 

CONCLUSÃO 
Vimos como Jó continua sua defesa contra os argumentos de seus amigos, que insistem em acusá-lo de pecado. Ele está convencido de que é inocente e que não cometeu nada que justifique tamanho sofrimento. Os amigos de Jó, por desconhecerem as razões de seu sofrimento, o acusam de forma impiedosa; e patriarca, por desconhecer a ação de Deus nesse episódio, chega ao limite do desespero e desesperança. Todavia, como das outras vezes, mesmo angustiado e não sabendo como Deus permite tudo isso, Jó não diz palavras blasfematórias contra o seu Criador. 

PARA REFLETIR 
A respeito de “A Teologia de Zofar: O Justo não Passa por Pribulação?”, responda: 

• O que Zofar defende? 
Zofar defende que o sofrimento de Jó fazia parte de um sábio julgamento divino, pois, para ele, Deus demonstra grande sabedoria em reprimir os maus. 

• De quê Jó estava certo? 
O patriarca estava certo de que havia uma sabedoria do alto, que seus amigos desconheciam por completo, e, quando revelada, ficaria ao seu lado (cf. cap.28). 

• Quais os três passos que Zofar enumera para que Jó supostamente se arrependesse e convertesse?
Ele enumera três passos para que isso aconteça: conduta correta (v.13); oração (v.13) e renúncia ao pecado (11.14). 

• Que sinais o patriarca Jó dá diante das acusações dos amigos e do silêncio de Deus?
Diante das insistentes acusações dos amigos e do silêncio de Deus, Jó dá sinais de desânimo (cap.12–13). 

• O que Jó havia constatado em relação aos ímpios?
Jó havia constatado que os ímpios pareciam gozar de longevidade e prosperidade (Jó 21.8). 

Por: José Gonçalves
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José Gonçalves

José Gonçalves

José Gonçalves. É pastor em Água Branca, Piauí, graduado em Teologia pelo Seminário Batista de Teresina e em Filosofia pela Universidade Federal do Piauí. Ensinou grego, hebraico e teologia sistemática na Faculdade Evangélica do Piauí. É comentarista de Lições Bíblicas da Escola Dominical da CPAD e autor de diversos livros.