“Lembrai-vos dos vossos guias, os quais vos pregaram a Palavra de Deus” (Hb 13.7)
Conta-se que certa vez John Owen, pastor congregacional, homem admirado por suas habilidades intelectuais como teólogo, exegeta e expositor das Escrituras, disse a um amigo que estaria disposto a trocar todos os seus talentos pela apreciação que a igreja de John Bunyan demonstrava a este. Se essa história é verdadeira, podemos conjecturar duas coisas básicas: (1) Owen se ressentia pela falta de elogios e encorajamentos e/ou (2) a igreja que ele pastoreava não era sábia a ponto de expressar sua apreciação pelo pastor que tinha.
A história de Owen continua sendo verdadeira em relação a muitos pastores e igrejas nos dias atuais. Poucas atitudes são mais ofensivas e alimentam mais o descontentamento de um líder que a falta de estima e encorajamento. Poucos deveres são mais negligenciados pela igreja contemporânea que o mandamento bíblico de honrar e apreciar seus líderes (cf. 1Tm 5.17, 1Ts 5.12-13, Hb 13.7 e 17). Mas essa realidade não necessita ser perpetuada. Toda cultura estabelecida pode ser mudada e melhorada à luz das Escrituras. Dessa forma, é importante que cada membro de uma igreja local aprenda a valorizar e expressar apreço pelo seu pastor.
O ministério pastoral vai muito além da mera pregação de sermões e algumas visitas. O pastor é aquele que vela pelas almas e cuida do crescimento espiritual das ovelhas que lhe foram confiadas (cf. At 20.28 e Hb 13.17). Nesse sentido, ele dedica várias horas aconselhando alguns, confrontando outros e mediando situações que ninguém mais parece querer tratar. O pastor orienta casais em situações de separação, adultério, crises e intercede (até com lágrimas) pelas famílias de seu rebanho. De fato, ele se angustia quando um membro da igreja está enfermo fisicamente e se inquieta muito mais quando um deles está doente espiritualmente. Muitas vezes, não se considera como fica o coração de um pastor quando há a necessidade de oficializar um funeral, inclusive de bebês. Ainda assim, nesse momento, ele precisa consolar os aflitos ao redor. Além do mais, o estado emocional desse homem pode ser alterado de um momento para outro, quando logo após um funeral, ele precisa ministrar um casamento. Quem é suficiente para essas coisas? O fato é que trabalho do pastor é mais difícil do que se pensa.
Quando alguém avalia seriamente algumas dificuldades do trabalho pastoral, pode até se questionar o porquê de muitos pastores continuarem nesse ministério. Porém, é fato que pastores fiéis ao Senhor amam o que fazem, pois servem ao rebanho como expressão de sua devoção e amor ao Senhor. A questão não é se os pastores apreciam seu trabalho ou suas ovelhas, e sim que eles também gostariam de ser apreciados e expressar estima é um preceito bíblico para a igreja de Cristo.
A Secretaria Nacional de Apoio Pastoral da Igreja Presbiteriana do Brasil gostaria de motivar você a expressar apreço pelo seu pastor atual ou alguém que tenha sido seu pastor no passado. Nesse sentido, os pastores jubilados devem ser especialmente lembrados. Alguns deles nem imaginam como Deus os usou como instrumentos nas mãos do Redentor para abençoar inúmeras vidas, inclusive a sua. Dessa forma, considere algumas sugestões que, apesar de simples, são significativas e podem ser facilmente realizadas.
- Ore pelo seu pastor – inclua o nome dele e de sua família em suas orações regulares. Ore pela vida emocional, saúde física e sustento espiritual do seu pastor.
- Escreva cartas ou e-mails de encorajamento para ele – todo pastor gosta de saber como ele foi usado por Deus para abençoar suas ovelhas. Uma boa maneira de registrar essas informações é pela escrita. Nessas cartas ou nesses e-mails podem ser incluídos: a informação pessoal de como ele foi usado por Deus para abençoar sua vida, um verso bíblico de encorajamento e a maneira como você ora por ele.
- Procure se integrar no trabalho da igreja local – muito do trabalho do pastor seria diminuído se cada membro da igreja se comprometesse com as atividades da mesma. Quando a missão é compartilhada, ela não se torna pesada.
- Desenvolva um relacionamento pessoal com seu pastor e com a família dele – amizade também é importante para eles. Faça isso individualmente com o pastor, promovendo oportunidade de um diálogo despretensioso, um café talvez. Mas também promova algo com a família, convidando seu pastor para ir até sua casa em determinada ocasião.
- Fale bem do seu pastor – muitos pastores sofrem pelos comentários maldosos de alguns membros. Há pessoas que parecem focalizar defeitos ao invés de virtudes. Com essa atitude, além de quebrarem o nono mandamento, perdem uma excelente oportunidade de valorizar o pastor que têm.
- Defenda o seu pastor – as Escrituras ensinam que os pastores devem ter boa reputação (1Tm 3.7). Dessa forma, assuma o compromisso de garantir que a reputação do seu pastor será protegida. Se alguém difamá-lo perto de você, defenda-o e proteja-o dos males de uma língua ferina!
- Ofereça ajuda com alguma tarefa pessoal que ele tenha – as muitas demandas do ministério acabam contribuindo para que o pastor sempre deixe suas tarefas pessoais ou deveres da casa para depois. Se um membro da igreja se oferece para auxiliá-lo nesse casos, além de uma motivação para ele, pode também ser uma excelente oportunidade para o desenvolvimento da amizade entre vocês.
Que o Senhor Deus continue abençoando seu rebanho: pastores e ovelhas!
Valdeci Santos
Original: Como expressar apreço pelo seu pastor?
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