O termo “cristão” e variações já aparece no nome de seis dos 56 partidos na fila do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para virar a 36º legenda brasileira. Tem o PEC (Partido Ecológico Cristão), o PPC (Partido Progressista Cristão), entre outros.
No entanto, o PRC (Partido Republicano Cristão) leva vantagem sobre os concorrentes, já que está sendo articulado com a ajuda da Assembleia de Deus, a maior igreja evangélica do Brasil, hoje com 30% dos 42 milhões de fiéis no Censo 2010.
Estima-se que o tamanho da denominação deve facilitar a coleta de assinaturas mínimas, recolhidas em ao menos nove Estados, que o TSE exige para formar um novo
partido.
Voltando ao caso da Assembléia de Deus, fica difícil saber se toda essa vontade de exercer a política é fruto de um chamado genuíno para exercer o poder público, ou se trata-se de mais uma manobra articulada para aumentar o império e legislar apenas de acordo com interesses pessoais. A real intenção da legenda pentecostal, só o tempo dirá. Para formar o partido político são necessárias 486 mil assinaturas.

“Existe um pensamento em nos concentrarmos em um único partido, para que a nossa ação seja mais direcionada e eficaz. Como a lei eleitoral cria restrições para a migração de partido, as assinaturas para se criar uma nova sigla estão sendo providenciadas”, comentou Lélis. Não é de hoje que a Assembleia de Deus tem demonstrado seu interesse pela política partidária. Ainda em 2015 houve a criação da agremiação política assembleiana. Na época, o pastor Lélis Marinho, coordenador do Conselho Político da CGADB, disse inclusive ter começado o processo de coleta de assinaturas.
Em uma nação onde 3 de cada 10 pessoas professa a fé evangélica, é impossível cogitar a hipótese de que eles não tenham presença na política. De certa forma, isso é consequência natural do processo de evangelização do país, e pode contribuir para a formação de uma cosmovisão pautada por valores saudáveis.
Exemplos de políticos cristãos notáveis não faltam, e entre os quais poderíamos citar William Wilberforce e Abraham Kuyper, homens ilibados na prática do poder publico. No entanto, o mesmo não se pode dizer da chamada bancada evangélica, já que sob alguns de seus integrantes pesam acusações de corrupção, peculato (desvio praticado por servidor público), crime eleitoral, uso de documento falso, lavagem de dinheiro e estelionato, conforme denunciado pela Veja em 2013.
Por outro lado, é necessário reconhecer que nem todos os membros da bancada estão sob acusação no STF, e que acusação não é o mesmo que condenação. Além disso, muitos deles tem dado importantíssimas contribuições na luta contra a implementação da ideologia de gênero nos colégios, em defesa da família tradicional e na luta contra o marxismo cultural.

Por Léo Gonçalves
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