“Nem é servido por mãos humanas, como se de alguma coisa precisasse.” (Atos 17.24-25)
Por D.A Carson
Isso não é extraordinário? Deus não precisa de você. Ele certamente não precisa de mim. Ele não precisa de nossos grupos de louvor! Não é como se Deus chegasse à quinta-feira à tarde e comece a dizer: “Nossa, mal posso esperar até o domingo para eles arrasarem com as guitarras novamente! Estou me sentindo muito sozinho. Preciso de uma agitação aqui em cima.” Ele não precisa de nossa adoração. Ele não precisa de nosso dinheiro! Ele não precisa de nós! Não precisa de nada!
Na eternidade passada, antes que houvesse qualquer coisa, Deus era. E ele era inteiramente cheio de alegria e contentamento. E mesmo lá, ele já era um Deus de amor, pois, nas complexidades da unicidade de Deus, em categorias que veremos nesta série, o Pai amava o Filho! Chegarei a estas categorias. Havia uma alteridade dentro do próprio Deus! Ele não nos criou porque estava solitário e pensou: “Sabe, meu trabalho como Deus, seria um pouco mais palatável se eu fizesse um ou dois pra carregar minha imagem, que me bajulem de vez em quando.” Ele não precisa de nós.
Mas não me entenda mal. Isso não significa que ele não reage a nós. Que ele não se deleite em nós, que não se desagrade de nós. Não significa nada disso. Ele reage sim a nós. Mas ele reage não por causa de alguma necessidade intrínseca em seu próprio ser ou caráter. Mas ele responde a partir sua inteira volição de suas perfeições e vontade Não porque ele não prevê o futuro. Não porque ele deixou as coisas saírem do controle. Não porque abandonou sua soberania. Não porque ele não é soberano. Não porque ele tem um problema psicológico. Não porque ele precisa de alguma coisa. Mas por causa das perfeições de tudo o que ele é, características e atributos; ele responde sempre de acordo com seus atributos. O tempo todo. Ele nunca é menos que Deus.
Você consegue imaginar o quão difícil foi para Paulo conseguir apontar a cruz para um punhado de acadêmicos sofisticados cuja inteira noção de religião se baseava em “uma mão lava a outra”? E então, para ficar ainda mais complicado, Paulo adiciona outra linha: “O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em santuários feitos por mãos humanas. Nem é servido por mãos humanas, como se de alguma coisa precisasse; pois ele mesmo é quem a todos dá vida, respiração e tudo mais.” Nós precisamos dele.
Isso também vem de Gênesis 1, 2 e 3. Vida, fôlego e tudo mais. Quando o Senhor Jesus estava vivo no início do primeiro século, ele ensinou que nenhum pardal cai do céu sem a autorização de Deus. Até mesmo os cabelos de sua cabeça são contados. Isso significa, em meu caso, que Deus está fazendo uma contagem muito rápida. E ele conhece todos. Até os que desaparecem. E toda vez que respiro, é com sua autorização. Paulo nos lembra. Precisamos dele para a vida, a respiração e tudo mais. Para comida. Para saúde. Eu sou uma criatura completamente dependente. Não sou o Criador.
Agora, como você terá um relacionamento com um Deus assim? Ele não é apenas um vovô molenga, e não é distante. Ele é tão soberano quanto os deístas querem, mas é muito mais pessoal. E ele não tem nenhuma necessidade. Você não tem nada para barganhar. De fato, a única razão pela qual você ainda está vivo é por causa de sua permissão. Semana passada, um de meus amigos que leciona em um seminário em Dallas, um bom homem, professor de Novo Testamento. Já escreveu livros importantes. Tem três filhos. Um é missionário na Sibéria, um é missionário na Rússia, e o outro é missionário no Afeganistão. Tinha saído para se exercitar. Chegou em casa, deitou-se e morreu. Não havia nada que ele pudesse fazer a respeito. Se seu coração continua batendo, é porque Deus permite. Se ele alguma vez disser: “Tolo, esta noite te pedirão sua alma,” você morre. Ou se ele disser: “Venha para casa, meu filho. Agora é a hora. Seu trabalho terminou,” você vai.
Como barganhar com um Deus assim? “Deus, eu… eu te dou 10%!” Ele é seu dono! Ele é dono da sua vida! Ele é dono do planeta inteiro! O que isso significa? “Senhor, vou me tornar missionário. Isso fará de mim uma pessoa melhor?” “Vou me tornar diácono na igreja.” Não, não. Há apenas uma maneira de ter um relacionamento com esse tipo de Deus. Se ele demonstrar graça soberana. Porque ele não deve nada a você. Você e eu somos rebeldes. E não temos nada para barganhar.
Por: D. A. Carson
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D. A. Carson
(PhD, University of Cambridge) é professor pesquisador de Novo Testamento na Trinity Evangelical Divinity School, em Deerfield, Illinois. Carson é um dos fundadores da The Gospel Coalition. Escreveu ou editou mais de 50 livros, entre eles alguns publicados por Vida Nova: O discurso de despedida e a última oração de Jesus, Cristo e cultura, Jesus, o filho de Deus, A manifestação do Espírito, Um modelo de maturidade cristã, Os perigos da interpretação bíblica, O Sermão do Monte, Soberania divina e responsabilidade humana, Introdução ao Novo Testamento (coautor), Comentário bíblico Vida Nova (coautor), Comentário do uso do Antigo Testamento no Novo Testamento (organizador), As Escrituras dão testemunho de mim (organizador), A verdade (organizador).
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