Jesus foi
o maior de todos os mestres. Seus discípulos o chamaram de mestre. Ele mesmo se
apresentou como mestre e até seus inimigos reconheceram que ele era mestre.
Jesus foi o maior de todos os mestres por causa da variedade de seus métodos e
por causa da sublimidade de sua doutrina. Jesus não foi um alfaiate do efêmero,
mas um escultor do eterno. Sendo o Mestre dos mestres, o maior comunicador de
todos os tempos, Jesus usou com perícia invulgar importantes conexões em sua
comunicação. Quero ilustrar esse fato incontroverso com suas cartas endereçadas
às igrejas da Ásia Menor. Visitando as ruínas dessas históricas cidades
recentemente, pude constatar de forma inequívoca essas conexões usadas por
Jesus. Vejamos, por exemplo a carta enviada à igreja de Laodicéia.
1. Jesus
usou a conexão geográfica. Laodicéia era uma rica cidade situada no Vale do Lico, uma fértil
região, entre as cidades de Hierápolis e Colossos. Hierápolis é uma fonte
termal, de onde jorram águas quentes do topo de uma montanha branca, chamada
castelo de algodão. Essas águas quentes eram terapêuticas. Em Colossos, do
outro lado do vale, ficavam as fontes de águas frias, também terapêuticas.
Porém, Laodicéia não tinha fontes de águas. Suas águas vinham por meio de dutos
desde as montanhas e chegavam à cidade mornas e sem qualquer efeito
terapêutico. Jesus usa essa conexão geográfica para dirigir-se à igreja,
dizendo-lhe: “Conheço as tuas obras, que nem és quente nem frio. Quem dera
fosses frio ou quente. Assim, porque és morno nem frio, estou a ponto de
vomitar-te da minha boca”.
2. Jesus
usou a conexão econômica. Das três cidades do Vale do Lico, Laodicéia era a mais rica. Era um
poderoso centro comercial. O comércio de ouro vindo de Sardes era famoso. A
cidade era um dos maiores centros bancários da Ásia Menor. A igreja longe de
influenciar a cidade, foi por ela influenciada. Ao olhar-se no espelho,
julgou-se rica e abastada. Jesus, porém, repreende a igreja afirmando que ela
era pobre e miserável e deveria comprar ouro puro para se enriquecer. Conforme
o ensino de Jesus a riqueza material não é sinônimo de prosperidade espiritual.
3. Jesus
usou a conexão industrial. Laodicéia era famosa pela indústria têxtil. A lã de cor escura,
fabricada em Laodicéia, era famosa em toda a Ásia Menor. A cidade tinha orgulho
de sua indústria têxtil. Jesus usa esse gancho para exortar a igreja,
ordenando-lhe a comprar vestes brancas para se vestir, a fim de que sua
vergonha não fosse manifesta.
4. Jesus
usou a conexão científica. Laodicéia era o maior centro oftalmológico do Império Romano. Naquela
cidade asiática fabricava-se o pó frígio, um remédio quase milagroso na cura
das doenças dos olhos. Pessoas de todos os cantos do mundo viajavam para essa
próspera cidade em busca de tratamento. Na cidade mais importante do mundo no
tratamento de doenças dos olhos, havia uma grande cegueira espiritual, que
estava atingindo a própria igreja. Então, Jesus exorta a igreja a comprar
colírio para ungir os seus olhos, a fim de ver com clareza as realidades
espirituais.
A mensagem
do evangelho é imutável. Ela atravessa os séculos e não sofre variação. Porém,
precisamos conhecer a geografia, a história e a cultura da cidade onde estamos
inseridos, para fazermos conexões oportunas e pertinentes na comunicação do
evangelho. Precisamos ler o texto e o contexto; precisamos interpretar a
palavra e o povo. John Stott, um dos maiores expositores bíblicos de todos os
tempos, falecido no dia 27 de julho de 2011, disse acertadamente que o sermão é
uma ponte entre dois mundos: o texto antigo e o ouvinte contemporâneo. Que Deus
nos ajude a abrir os olhos espirituais para fazermos as conexões necessárias, a
fim de comunicarmos com mais eficácia a mensagem gloriosa do evangelho.
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