Referência:
MATEUS 12.22-37
BLASFÊMIA
= injuriar, caluniar, vituperar, difamar, falar mal.
A Blasfêmia ao nome de Deus era pecado imperdoável no VT – Lv 24.10-16.
Por isso acharam que Jesus era réu de morte porque dizia que era Deus e isto
para eles era blasfêmia (Mc 14.64). Compare Mc 2.7 e João 10.33.
A alma que pecava por ignorância – trazia oferenda pelo pecado – Nm 15.27.
Mas a pessoa que pecava deliberadamente era eliminada, cometia um pecado
imperdoável – Nm 15.30.
Pecar contra um conhecimento claro da verdade é evidentemente uma blasfêmia
contra o Espírito Santo, e por natureza, este pecado faz com que o perdão seja
impossível, porque a única luz possível é deliberadamente apagada.
Aquele que cometeu este pecado nunca terá perdão. Toda a igreja pode orar por
ele, mas ele nunca será salvo (I Jo 5.16). De fato, a igreja nem deveria orar
por ele (I Jo 5.16). Segundo Jesus “é réu de juízo eterno” (Mc 3.29). Segundo
Judas 4,12,13 “estão perdidos para sempre.” Segundo II Tm 3.8 “são réprobos
quanto à fé.”
I. O QUE
NÃO É O PECADO IMPERDOÁVEL?
1.
Incredulidade final = Billy Graham em seu livro ESPÍRITO SANTO diz que a
blasfêmia contra o Espírito Santo é permanecer incrédulo até à morte. Contudo o
contexto de Mateus 12 mostra que Jesus falava para os fariseus que não estavam
na hora da morte – Mt 12.32; Mc 3.29; Lc 12.10. É verdade que quem morre na
incredulidade está perdido, mas não é este o pecado chamado blasfêmia contra o
Espírito Santo.
2. Rechaçar por um tempo a graça de Deus = Saulo de Tarso rechaçou (At 26.9; I
Tm 1.13). Os irmãos de Jesus também rechaçaram (Mc 3.21; Jo 7.5). E eles foram
salvos.
3. Negar a Cristo e a sua divindade = Pedro negou a Cristo. Paulo negava a
divindade de Cristo.
4. Negar a divindade do Espírito Santo = Se assim fosse nenhum Testemunha de
Jeová poderia se converter.
5. Entristecer o Espírito Santo = O crente não comete este pecado imperdoável,
pois ele não pode perder a salvação. Davi entristeceu o Espírito Santo e era
salvo.
II. O QUE
É A BLASFÊMIA CONTRA O ESPÍRITO SANTO?
Embora
não seja cristão, este blasfemo é alguém com quem o Espírito Santo trata. Hb
6.4-6 o descreve de seis formas:
1. Iluminado = Esta metáfora descreve CONHECIMENTO. O que comete o pecado
imperdoável é aquele que recebeu conhecimento da verdade Hb 10.26. Exemplos: l)
Jesus havia realizado o grande milagre perto dos fariseus. A divindade de
Cristo era tão notória que todos ficaram admirados (Mt 12.23). Esse
conhecimento era a iluminação que receberam os fariseus que blasfemaram contra
o Espírito Santo. 2) Judas Iscariotes – tinha todo o conhecimento de Jesus e o
renunciou.
2. Provaram o dom celestial = O dom aqui é a vida e a obra de Cristo. A vida de
Cristo é celestial. As pessoas culpadas pelo pecado imperdoável haviam visto
Jesus, estado com Jesus, conhecido a Jesus. Haviam visto Jesus operar
maravilhas e haviam escutado seus ensinos. Este conhecimento fez mais grave o
seu pecado.
3. Tornaram-se participantes do Espírito Santo = Isso não significa que eram
morada do Espírito Santo, de maneira que estivessem misticamente unidos a
Cristo como estão os ramos à videira. O QUE É? Significa participação na obra e
influência do Espírito Santo. O Espírito Santo atuou em formas milagrosas e
proféticas inclusive por meio de não crentes. Os não regenerados Balaão, Saul e
Judas são exemplos de homens em quem o Espírito Santo atuou. Jesus indicou que
os não crentes participam do Espírito Santo neste sentido (Mt 7.22).
4. Provaram a boa Palavra de Deus = A pessoa que comete o pecado imperdoável
tem provado a Boa Palavra de Deus. O vital neste caso é a palavra BOA. Essa
pessoa vê que a Palavra é BOA. Exemplo:
A) É como a semente que caiu no meio
dos espinhos – logo a recebe com alegria Mc 4.16,17. B) Herodes – escutou com
gosto a João Batista (Mc 6.20) e todavia rejeitou a mensagem de Cristo. Percebe
que é bom, mas a rejeita.
5. Provaram os poderes do mundo vindouro = A palavra poderes se emprega em Hb
2.4 em relação com os milagres e certamente este é o significado aqui. É a
pessoa que já viu os sinais de Jesus como os fariseus viram, mas não se
deixaram mover.
6. Caíram = Apesar deste conhecimento e experiências tão claras, os blasfemos
renunciaram a Cristo. Não com dúvida usual nem a incredulidade ordinária. Não
contra a sua vontade como Paulo em Rm 7, nem com tristeza e choro como Pedro,
senão voluntariamente – Hb 10.26, deliberadamente.
III.
EXPOSIÇÃO DO TEXTO DE MATEUS 12.22-37
O
contexto de Mc 3.20-30 deixa claro que a blasfêmia não é:
a) uma grave falha moral;
b) uma persistência no pecado;
c) um ato de ofender ou rejeitar a Jesus devido à ignorância ou rebelião.
MAS É: a rejeição deliberada e consciente da atividade de Deus pelo Espírito
Santo e a atribuição desta atividade ao diabo.
Exemplo: Os fariseus viram o milagre e atribuíram a obra de Deus ao diabo. A
pessoa não está na ignorância. Ela escolhe rejeitar a Deus e a chamar Deus de
diabo. Não há nada mais que se possa fazer por tal pessoa – I Jo 5.16.
Este pecado fala do profundo perigo de atribuir as coisas boas de Deus a um ato
de Satanás. Este pecado é cometido quando uma pessoa reconhece a missão de
Jesus pelo Espírito Santo mas a desafia, a amaldiçoa e a resiste.
Os fariseus cometeram este pecado quando afirmaram contra todas as evidências
que Cristo era um agente de Satanás. Era uma declaração perversa de que as
obras de Cristo eram do diabo. Eles pecaram contra a luz na forma mais
determinada. Amaram mais as trevas (Jo 3.19). Chamaram a luz de trevas (Is
5.20).
É impossível porque se alguém não pode reconhecer o bem quando o vê, não pode
desejar o bem. Se alguém não reconhece que o mal é mal, não pode
arredepender-se dele e abandoná-lo. E se não pode arrepender-se não pode ser
perdoado, porque o arrependimento é a única condição necessária para o perdão.
Para
responder a acusação dos fariseus, Jesus usa 5 argumentos:
1. A acusação é absurda – Mt 12.25,26 = Satanás estaria se opondo a Satanás?
Satanás estaria destruindo a sua própria obra? Estaria ele sendo suicida?
Estaria derrubado o seu próprio império? Nenhum reino, cidade ou família
dividida se mantém.
2. A
acusação é contraditória – Mt 12.27 = Os filhos dos fariseus, seus descendentes
também exorcizavam – Mt 7.22. Então, se Satanás impulsiona Jesus para fazer a
mesma obra, quem impulsiona seus filhos? Então seus filhos seriam seus juízes.
EXEMPLO: a) Mt 21.23-27 – Batismo de João era do céu ou dos homens? B) Mt
22.15-22 – Daí a Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus.
3. A
acusação obscurece a verdadeira situação – v. 28 = O reino de Satanás é
vulnerável, porque seus mensageiros estão sendo expulsos da vidas dos homens. O
Reino já chegou. Vai alargar suas fronteiras. Os cegos, os doentes, os
possessos são libertos, a verdade é pregada. Em vez de opor-se ou combater o
Reino os homens devem entrar nele – Mt 7.13,14; 11.28-30; Jo 7.38. Mateus 12.29
= Jesus está amarrando o diabo e libertando seus súditos. Pela vitória no
deserto, expulsão dos demônios Jesus começou a amarrar Belzebu. Esse atamento
foi mais reforçado pela sua vitória sobre Satanás na cruz – Cl 2.15 e na ressurreição,
ascensão e coroação – Ap 12.5,9-12. Ele está fazendo isto não pelo poder de
Belzebu, mas pelo poder do Espírito Santo. Nesta luta entre Cristo e Satanás é
impossível a neutralidade (Mt 12.30) Isto porque só há dois impérios. O DE DEUS
E O DE SATANÁS. Uma pessoa pertence a um ou a outro.
4. A
blasfêmia contra o Espírito Santo é imperdoável – v. 31,32 = Todo pecado será
perdoado Mc 3.28; I Jo 1.9. Porém as conseqüências dessa blasfêmia são
trágicas. Não haverá perdão.
a) Hb 6.4-6 = É impossível que sejam outra vez renovados…
b) Mt 12.32 = Não lhes será perdoado nem neste século nem no vindouro.
c) Mc 3.29 = Não tem perdão para sempre, visto que é réu de pecado eterno.
d) Hb 10.26-31 = Resta expectativa horrível de juízo
e) II Tm 3.8; Judas 4,12,13
f) POR QUE NÃO PODEM SER PERDOADOS?
1) Porque eles dizem que Jesus é ministro de Satanás
2) Porque eles dizem que a força de Jesus não é o Espírito Santo, mas o diabo
3) Porque eles pecam deliberadamente e progressivamente em vez de se
arrependerem – Mt 9.11; 12.2; 12.14.
4) É imperdoável porque rejeitam o Espírito Santo e a Cristo dizendo que são
instrumentos do diabo.
5. Esta
acusação revela quem são – v. 33-37 = Árvore má. Fruto mau – v. 33. Raça de
víboras – v. 34.
Vão dar conta no dia do juízo – v. 35-36.
CONCLUSÃO
Devemos
ter 2 cuidados:
1. Esse assunto não deve interpor-se no caminho das plenas implicações da graça
de Deus em Cristo = O pecado imperdoável é uma apostasia total (Calvino). Toda
pessoa que arrependida procura a Jesus encontra abrigo. AQUELE QUE VEM A MIM DE
MANEIRA NENHUMA EU O LANÇAREI FORA.
2. Se uma pessoa está aflita com medo de ter cometido este pecado é porque não
o cometeu = Essa blasfêmia é uma hostilidade declarada contra Deus depois da
pessoa ter sido exposta ao conhecimento da verdade.
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