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I - O farisaísmo
O termo fariseu pode ser entendido como “os
separados”.
Tratava-se de uma seita que se vangloriava de ter
a correta interpretação da lei de Moisés. Consideravam-se os protetores da lei
de Deus e achavam que podiam determinar os limites dentro dos quais os judeus
deveriam viver. Na tentativa de aprimorar a lei de Deus, enchiam-na de detalhes
e práticas que a distorciam e afastavam mais ainda o povo do seu Deus.
Podemos colocar como origem remota dos fariseus
os antigos escribas que continuaram o trabalho de Esdras.
Na época do novo testamento, quando Jesus iniciou
o seu ministério haviam muitos partidos e seitas entre os judeus, como, por
exemplo, os zelotes, os essênios, os saduceus e os fariseus. Existia ainda um
Sinédrio que era uma espécie de conselho formado por 70 anciões e presidido
pelo sumo-sacerdote. Este sinédrio era responsável por julgar questões
religiosas entre os judeus (para o governo de Roma era vantagem permitir a
existência do sinédrio desde que suas decisões fossem favoráveis aos interesses
do império). No sinédrio haviam representantes dos partidos, mais a maioria era
composta de fariseus e saduceus e, dentre eles, os saduceus eram a maior parte.
Os fariseus não eram o maior partido, porém
tinham bastante força por terem a simpatia do povo (classe pobre), enquanto os
saduceus possuíam muitos membros da alta classe da sociedade. A liderança do
sinédrio estava nas mãos dos saduceus na época de Jesus. Embora o partido dos
fariseus não fosse um partido tão grande, foi o que mais tempo sobreviveu após
a destruição de Jerusalém em 70dc.
Os saduceus não criam na imortalidade da alma, na
ressurreição dos mortos e em seres espirituais; já os fariseus criam nas três
coisas.
Tanto saduceus quanto fariseus se opunham a
Jesus, os saduceus principalmente por causa da multidão que seguia a Jesus, o
que para eles poderia despertar uma represália de Roma e a perda das mordomias
e liderança (lembre-se de que o partido possuía membros principalmente das
classes aristocráticas). O fato de Jesus ressuscitar mortos aumentou mais ainda
o ódio deles. Os fariseus, por sua vez, perseguiam a Jesus principalmente por
causa da interpretação da lei e por que ele afirmava ser o Filho de Deus.
Os líderes religiosos não conseguiram enxergar em
Jesus o messias, pois Cristo fugia de todos os padrões que eles tinham como
santidade. Para os fariseus era inconcebível e ilógico um messias que comia e
bebia com os pecadores, não tinha um exército armado, falava com samaritanos,
era manso e humilde, etc.
No início da igreja, os apóstolos tiveram muito
trabalho com os saduceus (At 5.17,18) e fariseus; principalmente com aqueles
que vinham para a igreja e instavam em querer colocar um jugo pesado sobre as
costas dos cristãos (At 15.5-34). O Evangelho primeiramente havia sido pregado
aos judeus e por isso, a Igreja no início sofria uma forte pressão do judaísmo;
alguns achavam que para ser salvo era necessário aceitar a Cristo e obedecer à
lei de Moisés. Jesus já havia mostrado que a Graça não seria uma espécie de
remendo da lei quando ensinou a parábola encontrada em Mt 9.16,17.
O apóstolo Paulo foi usado especialmente pelo
Senhor para falar sobre a Graça de Deus, ele podia falar com a experiência
própria de ter sido um fariseu (At 23.6-8; 26.5; Fp 3.3-9) e haver perseguido a
Igreja no seu zelo sem entendimento.
Fontes: O Novo dicionário/ Douglas - J.D. (Ed
Vida Nova) / Manual dos Tempos e Costumes Bíblicos/ Coleman - William L.(Ed
Betânia) / História dos Hebreus - Flavio Josefo.
1.1- Os ensinos
Criam no fato de que o exílio na Babilônia
deveu-se a desobediência a Torah, e que a observância desta era uma obrigação
individual e nacional. Alegavam deter a interpretação correta da lei; os
fariseus afirmavam que poderiam tirar dela à vontade de Deus para situações não
expressas diretamente.
O seu extremo zelo sem entendimento; levou a
elaboração de costumes que fugiam da vontade de Deus, deixando o amor em último
plano. Estas tradições a princípio visavam impedir a quebra da Torah, mais na
verdade a encheram de detalhes que distanciaram ainda mais a vontade de Deus do
seu povo.
A ênfase do farisaísmo sempre era ética e não
teológica.
As tradições e adaptações da lei, somente
poderiam ser passadas por eles, pois afirmavam serem estudiosos da Torah.
Todas estas adaptações e tradições; levaram os
fariseus a uma grande hipocrisia e a uma supervalorização destas adaptações e
tradições.
1.2- As características do fariseu
Os fariseus (como também os saduceus) eram
marcados pela importância dada à aparência externa e pela grande hipocrisia
(vide vocabulário). Estas características fundamentais levavam a uma infinidade
de erros. Podemos observar claramente como eram estes religiosos no texto de Mt
23. Perceba que de alguma forma existem crentes que agem deste modo.
Vejamos:
23.4- Colocavam um pesado jugo sobre os
discípulos = Igrejas que colocam os seus membros sob um jugo pesadíssimo e
incoerente com a verdade; crentes que, individualmente, insistem em querer
colocar fardos de tradições humanas sobre os irmãos.
Isto é bem diferente do jugo de Jesus. Mt
11.28-30
23.5- Não faziam as coisas por amor, mas para
serem vistos = Igrejas e crentes que trabalham para serem vistos pelos homens e
não trabalham para o Senhor; vivem de aparência!
23.5- Queriam aparentar ser mais santos do que os
outros = Igrejas e crentes que acham que seus costumes os tornam mais santos;
muitas vezes instintivamente acabam querendo ser mais santos do que Deus!
23.6-12- Gostavam de serem visto como mais
importantes = Igrejas e crentes cheios de costumes humanos que por este motivo
se acham melhores; buscam a liderança a qualquer preço.
23.13- Com seus ensinos afastavam as pessoas de
Deus = Igrejas e certos “irmãozinhos” que espantam os pecadores.
23.14- Interesseiros = Igrejas que exploram a fé
e ingenuidade dos seus membros, com pretexto de espiritualidade, mais na
verdade interessados em alguma coisa;
23.15- Proselitismo = Igrejas e crentes que, ao
invés de buscar almas no mundo, tentam tirar as pessoas de outras denominações.
Muitas vezes preferem matar espiritualmente
alguém, a aceitar que um irmão seja livre em Cristo e não ande conforme o jugo
que desejam impor.
23.16-22- Valorizavam coisas sem importância e
desprezavam as que realmente importavam; na verdade eram materialistas =
Igrejas e crentes cheios de avareza no coração e muitos que brigam por causa de
questões tão banais.
23.23,24- Valorizavam mais os detalhes do que o
essencial, deixando o amor por último = Quantos fazem isso...
23.25-28- Aparência de santidade; quando esta
deve começar de dentro para fora (necessário é nascer de novo! Jo 3. 3-7) =
Igrejas que pregam uma santidade superficial- mudar a roupa é fácil se
comparado com mudar o coração!
A conversão tem início no coração e manifesta-se
com a mudança de postura e caráter.
23.29-36- Perseguição a Verdade (Os profetas
falavam do Messias que havia de vir, o qual eles perseguiam) = Igrejas e
crentes que de tanta cegueira; lutam contra a Verdade!
Amados; tudo isso é fruto da hipocrisia do
farisaísmo. Nos dias de hoje existem muitos que dizem serem cristãos, mais são
grandes hipócritas!
O farisaísmo ainda existe no meio da igreja, não
apenas nos usos e costumes que vemos em algumas igrejas sendo colocados em pé
de igualdade com a graça, mais em muitas outras atitudes também. Aproveitemos
para refletir: Será que eu muitas vezes tenho me portado como um fariseu?
Talvez você pense:
“Fariseu? Eu?”.
Exatamente! Tendemos ao caminho mais curto, o
caminho das aparências, ao invés de deixarmos Deus transformar o nosso íntimo
para que as nossas obras passem a ser conforme a nossa fé. Eis aí o motivo de
tantas igrejas caírem neste erro.
Estes fariseus modernos procuram o caminho mais
curto, se gloriam de andarem debaixo do jugo como se isto fosse mais difícil;
entretanto é fácil se tornar um crente na aparência externa, é fácil dizer que
uma mulher é crente somente pelo fato de ter um cabelo enorme e um saião bem
grande; difícil é mostrar uma vida transformada em caráter e conduta. Eles
dizem: “Estas igrejas são porta larga!”, entretanto, verdadeiramente trabalhoso
e difícil é ensinar a liberdade com discernimento, esperar pela transformação
do coração. Muito fácil é obrigar os membros da igreja a usarem certas roupas e
aí dizer que são crentes, quando o coração deles ainda não foi transformado;
porta larga é a igreja que acha que, por seus membros gritarem e falarem em
línguas são crentes (línguas que na maior parte das vezes não passam de
manifestações da carne), ao invés de ensinarem os membros a terem uma vida
frutífera; porta larga é viver ensinando e repetindo sempre as mesmas besteiras
sem respaldo bíblico, ao invés de ensinarem a Palavra de Deus (e quantos
assuntos e livros a Bíblia possui para serem ensinados...). Porta larga é punir
a irmã que cortou o cabelo ou usou uma calça comprida (às vezes por causa do
trabalho) e deixar impune a crente fofoqueira, o irmão que não paga as suas
contas, etc.
1.3- Conclusão:
O farisaísmo pode ser visto ainda hoje em algumas
pessoas que se dizem cristã, e, o que é pior, podemos notar que denominações
inteiras adotam práticas farisaicas, descambando para o legalismo, e colocando
as suas interpretações particulares, usos e costumes no mesmo patamar das
verdades bíblicas.
Aprendemos nesta aula o que é farisaísmo,
as características de um fariseu e qual é a verdadeira porta larga.
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