No começo do seu ministério Jesus escolheu doze
homens que o acompanhassem em suas viagens. Teriam esses homens uma importante
responsabilidade: Continuariam a representá-lo depois de haver ele voltado para
o céu. A reputação deles continuaria a influenciar a igreja muito depois de
haverem morrido.
Por conseguinte, a seleção dos Doze foi de grande
responsabilidade. "Naqueles dias retirou-se para o monte a fim de
orar, e passou a noite orando a Deus. E quando amanheceu, chamou a si os seus
discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu também o nome de
apóstolo" (Lc 6.12-13).
A maioria dos apóstolos era da região de
Cafarnaum, desprezada pela sociedade judaica refinada por ser o centro de uma
parte do estado judaico e conhecida, em realidade, como "Galiléia dos
gentios". O próprio Jesus disse: "Tu, Carfanaum, elevar-te-ás,
porventura, até ao céu? Descerás até ao inferno" (Mt 11.23). Não obstante,
Jesus fez desses doze homens líderes vigorosos e porta-vozes capaz de
transmitir com clareza a fé cristã. O sucesso que eles alcançaram dá testemunho
do poder transformador do Senhorio de Jesus.
Nenhum dos escritores dos Evangelhos deixou-nos
traços físicos dos doze. Dão-nos, contudo, minúsculas pistas que nos ajudam a
fazer "conjeturas razoáveis" sobre como pareciam e atuavam. Um fato
importante que tem sido tradicionalmente menosprezado em incontáveis
representações artísticas dos apóstolos é sua juventude. Se levarmos em conta
que a maioria chegou a viver até ao terceiro e quarto quartéis do século e que
João adentrou o segundo século, então eles devem ter sido não mais do que
jovens quando aceitaram o chamado de Cristo.
Os doze apóstolos foram:
1) André;
2) Bartolomeu (Natanael);
3) Tiago (Filho de Alfeu);
4) Tiago (Filho de Zebedeu);
5) João;
6) Judas (não o Iscariotes);
7) Judas Iscariotes;
8) Mateus;
9) Filipe;
10) Simão Pedro;
11) Simão Zelote;
12) Tomé;
13) Matias (Substituindo a Judas)
Resumo sobre a vida dos Apóstolos:
1) André
No dia seguinte àquele em que João Batista viu o
ES descer sobre Jesus, ele o apontou para dois de seus discípulos, e disse:
"Eis o Cordeiro de Deus" (Jo 1.36). Movidos de curiosidade, os dois
deixaram João e começaram a seguir a Jesus. Jesus notou a presença deles e
perguntou-lhes o que buscavam. Responderam: "Rabi, onde assistes?"
Jesus levou-os a casa onde ele se hospedava e passaram a noite com ele. Um
desses homens chamava-se André (Jo 1.38-40). André foi logo à procura de
seu irmão, Simão Pedro, a quem disse: "Achamos o Messias..." (Jo
1.41). Por seu testemunho, ele ganhou Pedro para o Senhor.
André é tradução do grego Andreas, que significa
"varonil". Outras pistas dos Evangelhos indicam que André era fisicamente
forte, e homem devoto e fiel. Ele e Pedro eram donos de uma casa (Mc 1.29) Eram
filhos de um homem chamado Jonas ou João, um próspero pescador. Ambos os jovens
haviam seguido o pai no negócio da pesca. Eram Pescadores.
André nasceu em Betsaida, nas praias do norte do
mar da Galiléia. Embora o Evangelho de João descreva o primeiro encontro dele
com Jesus, não o menciona como discípulo até muito mais tarde (Jo 6.8). O
Evangelho de Mateus diz que quando Jesus caminha junto ao mar da Galiléia, ele saudou
a André e a Pedro e os convidou para se tornarem discípulos (Mt 4.18,19). Isto
não contradiz a narrativa de João; simplesmente acrescenta um aspecto novo. Uma
leitura atenta de João 1.35-40 mostra-nos que Jesus não chamou André e a Pedro
para segui-lo quando se encontraram pela primeira vez.
André e outro discípulo chamado Filipe
apresentaram a Jesus um grupo de gregos (Jo 12.20-22). Por este motivo podemos
dizer que eles foram os primeiros missionários estrangeiros da fé cristã.
Diz a tradição que André viveu seus últimos dias
na Cítia, ao norte do mar negro. Mas um livreto intitulado: Atos de André
(provavelmente escrito por volta do ano 260 dC) diz que ele pregou
primariamente na Macedônia e foi martirizado em Patras. Diz ainda, que ele foi
crucificado numa cruz em forma de "X", símbolo religioso conhecido
como Cruz de Sto. André.
2) Bartolomeu (Natanael)
Falta-nos informação sobre a identidade do
Apóstolo chamado Bartolomeu. Ele só é mencionado na lista dos apóstolos. Além
do mais, enquanto os Evangelhos sinóticos concordam em que seu nome era
Bartolomeu, João o dá como Natanael (Jo 1.45). Crêem alguns estudiosos que
Bartolomeu era o sobrenome de Natanael.
A palavra aramaica bar significa
"filho", por isso o nome Bartolomeu significa literalmente,
"filho de Talmai". A Bíblia não identifica quem foi Talmai.
Supondo que Bartolomeu e Natanael sejam a mesma
pessoa, o Evangelho de João nos proporciona várias informações acerca de sua
personalidade. Jesus chamou Natanael de "israelita em quem não há dolo"
(Jo 1.47). Diz à tradição que ele serviu como missionário na Índia e que foi
crucificado de cabeça para baixo.
3) Tiago - Filho de Alfeu
Os Evangelhos fazem apenas referências
passageiras a Tiago, filho de Alfeu (Mt 10.3; Lc 6.15). Muitos estudiosos crêem
que Tiago era irmão de Mateus, visto a Bíblia dizer que o pai de Mateus também
se chamava Alfeu (Mc 2.14). Outros crêem que este Tiago se identificava
como "Tiago, o Menor", mas não temos prova alguma de que esses dois
nomes se referiam ao mesmo homem (Mc 15.40). Se o filho de Alfeu era, deveras,
o mesmo homem Tiago, o Menor, talvez ele tenha sido primo de Jesus (Mt 27.56;
Jo 19.25). Alguns comentaristas da Bíblia teorizam que este discípulo trazia
uma estreita semelhança física com Jesus, o que poderia explicar por que Judas
Iscariotes teve de identificar Jesus na noite em que foi traído. (Mc
14.43-45; Lc 22.47-48). Diz às lendas que ele pregou na Pérsia e aí foi
crucificado. Mas não há informações concretas sobre sua vida, ministério posterior
e morte.
4) Tiago - Filho de Zebedeu
Depois que Jesus convocou a Simão Pedro e a seu
irmão André, ele caminhou um pouco mais ao longo da praia da Galiléia e
convidou a "Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam no
barco consertando as redes" (Mc 1.19). Tiago e seu irmão responderam
imediatamente ao chamado de Cristo. Ele foi o primeiro dos doze a sofrer a
morte de mártir. O rei Herodes Agripa I ordenou que ele fosse executado ao fio
da espada (At 12.2). A tradição diz que isto ocorreu no ano 44 dC, quando ele
seria ainda bem moço.
Os Evangelhos nunca mencionam Tiago sozinho;
sempre falam de "Tiago e João". Até no registro de sua morte, o livro
de Atos refere-se a ele como "Tiago, irmão de João" (At 12.2) Eles
começaram a seguir a Jesus no mesmo dia, e ambos estiveram presentes na
Transfiguração (Mc 9.2-13). Jesus chamou a ambos de "filhos do
trovão" (Mc 3.17).
A perseguição que tirou a vida de Tiago infundiu
novo fervor entre os cristãos (At 12.5-25). Herodes Agripa esperava sufocar o
movimento cristão executando líderes como Tiago. "Entretanto a Palavra do
Senhor crescia e se multiplicava" (At 12.24).
As tradições afirmam que ele foi o primeiro
missionário cristão na Espanha.
5) João
Felizmente, temos considerável informação acerca
do discípulo chamado João. Marcos diz-nos que ele era irmão de Tiago, filho de
Zebedeu (Mc 1.19). Diz também que Tiago e João trabalhavam com "os
empregados" de seu pai (Mc 1.20).
Alguns eruditos especulam que a mãe de João era
Salomé, que assistiu a crucificação de Jesus (Mc 15.40). Se Salomé era irmã da
mãe de Jesus, como sugere o Evangelho de João (Jo 19.25), João pode ter sido
primo de Jesus.
Jesus encontrou a João e a seu irmão Tiago
consertando as redes junto ao mar da Galiléia. Ordenou-lhes que se fizessem ao
largo e lançassem as redes. Arrastaram um enorme quantidade de peixes - milagre
que os convenceram do poder de Jesus. "E, arrastando eles os barcos sobre
a praia, deixando tudo, o seguiram" (Lc 5.11) Simão Pedro foi com eles.
João parece ter sido um jovem impulsivo. Logo
depois que ele e Tiago entraram para o círculo íntimo dos discípulos de Jesus,
o Mestre os apelidou de "filhos do trovão" (Mc 3.17). Os discípulos
pareciam relegar João a um lugar secundário em seu grupo. Todos os Evangelhos
mencionavam a João depois de seu irmão Tiago; na maioria das vezes, parece,
Tiago era o porta-voz dos dois irmãos. Paulo menciona a João entre os apóstolos
em Jerusalém, mas o faz colocando o seu nome no fim da lista (Gl 2.9).
Muitas vezes João deixou transparecer suas emoções
nas conversas com Jesus. Certa ocasião ele ficou transtornado porque alguém
mais estava servindo em nome de Jesus. "E nós lho proibimos", disse
ele a Jesus, "porque não seguia conosco" (Mc 9.38). Jesus replicou:
"Não lho proibais... pois quem não é contra a nós, é por nós" (Mc
9.39,40). Noutra ocasião, ambiciosos, Tiago e João sugeriram que lhes fosse
permitido assentar-se à esquerda e à direita de Jesus na sua glória. Esta idéia
os indispôs com os outros discípulos (Mc 10.35-41).
Mas a ousadia de João foi-lhe vantajosa na hora
da morte e da ressurreição de Jesus. Jo 18.15 diz que João era “conhecido do
sumo sacerdote". Isto o tornaria facilmente vulnerável à prisão
quando os aguardas do sumo sacerdote prenderam a Jesus. Não obstante, João foi
o único apóstolo que se atreveu a permanecer ao pé da cruz, e Jesus
entregou-lhe sua mãe aos seus cuidados (Jo 19.26-27). Ao ouvirem os discípulos
que o corpo de Jesus já não estava no túmulo, João correu na frente dos outros
e chegou primeiro ao sepulcro. Contudo, ele deixou que Pedro entrasse antes
dele na câmara de sepultamento (Jo 20.1-4,8).
Se João escreveu, deveras, o quarto Evangelhos,
as cartas de João e o Apocalipse, ele escreveu mais texto do NT do que qualquer
dos demais apóstolos. Não temos motivo para duvidar de que esses livros não são
de sua autoria.
Diz à tradição que ele cuidou da mãe de Jesus
enquanto pastoreou a congregação em Éfeso, e que ela morreu ali. Preso, foi
levado a Roma e exilado na Ilha de Patmos. Acredita-se que ele viveu até
avançada idade, e seu corpo foi devolvido a Éfeso para sepultamento
6) Judas - Não o Iscariotes
João refere-se a um dos discípulos como
"Judas, não o Iscariotes" (Jo 14.22). Não é fácil determinar a
identidade desse homem.
O NT refere-se a diversos homens com o nome de
Judas - Judas Iscariotes; Judas, irmão de Jesus (Mt 13.55; Mc 6.3); Judas, o
Galileu (At 5.37) e Judas, não o Iscariotes. Evidentemente, João desejava
evitar confusão quando se referia a esse homem, especialmente porque o outro
discípulo chamado Judas não gozava de boa fama.
Mateus e Marcos referem-se a esse homem como
Tadeu (Mt 10.3; Mc 3.18). Lucas o menciona como "Judas, filho de
Tiago" (Lc 6.16; At 1.13).
Não sabemos ao certo quem era o pai de Tadeu.
O Historiador Eusébio diz que Jesus uma vez
enviou esse discípulo ao rei Abgar da Mesopotâmia a fim de orar pela sua cura.
Segundo essa história, Judas foi a Abgar depois da ascensão de Jesus, e
permaneceu para pregar em várias cidades da Mesopotâmia. Diz outra
tradição que esse discípulo foi assassinado por mágicos na cidade de Suanir, na
Pérsia. O mataram a pauladas e pedradas.
7) Judas Iscariotes
Todos os Evangelhos colocam Judas Iscariotes no
fim da lista dos discípulos de Jesus. Sem dúvida alguma isso reflete a má fama
de Judas como traidor de Jesus.
A Palavra aramaica Iscariotes literalmente
significa "homem de Queriote". Queriote era uma cidade próxima a
Hebrom (Js 15.25). Contudo, João diz-nos que Judas era filho de Simão (Jo
6.71). Se Judas era, de fato, natural desta cidade, dentre os discípulos, ele
era o único procedente da Judéia. Os habitantes da Judéia desprezavam o povo da
Galiléia como rudes colonizadores de fronteira. Essa atitude pode ter alienado
Judas Iscariotes dos demais discípulos.
Os Evangelhos não nos dizem exatamente quando
Jesus chamou Judas pra juntar-se ao grupo de seus seguidores. Talvez tenha sido
nos primeiros dias, quando Jesus chamou tantos
outros (Mt
4.18-22). Judas funcionava como tesoureiro dos discípulos, e pelo menos em uma
ocasião ele manifestou uma atitude sovina para com o trabalho. Foi quando uma
mulher por nome Maria derramou ungüento precioso sobre os pés de Jesus. Judas
reclamou: "Por que não se vendeu este perfume por trezentos denários, e
não se deu aos pobres?" (Jo 12.5). No versículo seguinte João comenta que
Judas disse isto "não porque tivesse cuidado dos pobres; mas porque era
ladrão."
Enquanto os discípulos participavam de sua última
refeição com Jesus, o Senhor revelou saber que estava prestes a ser traído e
indicou Judas como o criminoso. Disse ele a Judas: "O que pretendes
fazer, faze-o depressa" (Jo 13.27). Todavia, os demais discípulos
não suspeitavam do que Judas estava prestes a fazer. João relata que "como
Judas era quem trazia a bolsa, pensaram alguns que Jesus lhe dissera: Compra o
que precisamos para a festa da Páscoa..." (Jo13. 28-29).
Judas traiu o Senhor Jesus, influenciado ou
inspirado pelo maligno (Lc 22.3; Jo 13.27). Tocado pelo remorso, Judas procurou
devolver o dinheiro aos captores de Jesus e enforcou-se. (Mt 27.5)
8) Mateus
Nos tempos de Jesus, o governo romano coletava
diversos impostos do povo palestino. Pedágios pra transportar mercadorias por
terra ou por mar eram recolhidos por coletores particulares, os quais pagavam
uma taxa ao governo romano pelo direito de avaliar esses tributos. Os
cobradores de impostos auferiam lucros cobrando um imposto mais alto do que a
lei permitia. Os coletores licenciados muitas vezes contratavam oficiais de
menor categoria, chamados de publicanos, para efetuar o verdadeiro trabalho de
coletar. Os publicanos recebiam seus próprios salários cobrando uma fração a
mais do que seu empregador exigia. O discípulo Mateus era um desses publicanos;
ele coletava pedágio na estrada entre Damasco e Aco; sua tenda estava
localizada fora da cidade de Cafarnaum, o que lhe dava a oportunidade de,
também, cobrar impostos dos pescadores.
Normalmente um publicano cobrava 5% do preço da
compra de artigos normais de comércio, e até 12,5% sobre artigos de luxo.
Mateus cobrava impostos também dos pescadores que trabalhavam no mar da
Galiléia e dos barqueiros que traziam suas mercadorias das cidades situadas no
outro lado do lago.
Os judeus consideravam impuro o dinheiro dos
cobradores de impostos, por isso nunca pediam troco. Se um judeu não tinha a
quantia exata que o coletor exigia, ele emprestava-o a um amigo. Os judeus
desprezavam os publicanos como agentes do odiado império romano e do rei títere
judeu. Não era permitido aos publicanos prestar depoimento no tribunal, e não
podiam pagar o dízimo de seu dinheiro ao templo. Um bom judeu não se associaria
com publicanos (Mt 9.10-13).
Mas os judeus dividiam os cobradores de impostos
em duas classes, a primeira era a dos gabbai, que lançavam impostos gerais
sobre a agricultura e arrecadavam do povo impostos de recenseamento. O Segundo
grupo compunha-se dos mokhsa era judeus, daí serem eles desprezados como
traidores do seu próprio povo. Mateus pertencia a esta classe.
O Evangelho de Mateus diz-nos que Jesus se
aproximou deste improvável discípulo quando ele esta sentado em sua coletoria.
Jesus simplesmente ordenou a Mateus: "Segue-me!" Ele deixou o
trabalho pra seguir o Mestre (Mt 9.9).
Evidentemente, Mateus era um homem rico, porque
ele deu um banquete em sua própria casa. "E numerosos publicanos e outros
estavam com eles à mesa" (Lc 5.29). O simples fato de Mateus possuir casa
própria indica que era mias rido do que o publicano típico.
Por causa da natureza de seu trabalho, temos
certeza que Mateus sabia ler e escrever. Os documentos de papiro, relacionados
com impostos, datados de cerca de 100 dC, indicam que os publicanos eram muito
eficientes em matéria de cálculos.
Mateus pode ter tido algum grau de parentesco com
o discípulo Tiago, visto que se diz de cada um deles ser "filho de
Alfeu" (Mt 10.3; Mc 2.14). Às vezes Lucas usa o nome Levi para referir-se
a Mateus (Lc 5.27-29). Daí alguns estudiosos crerem que o nome de Mateus era
Levi antes de se decidir-se a seguir a Jesus, e que Jesus lhe deu um novo nome,
que significa "dádiva de Deus". Outros sugerem que Mateus era membro
da tribo sacerdotal de Levi.
De todos os evangelhos, o de Mateus tem sido
provavelmente, o de maior influência. A literatura cristã do segundo século faz
mais citações do Evangelho de Mateus do que de qualquer outro. Os pais da
igreja colocaram o Evangelho de Mateus no começo do cânon do NT provavelmente
por causa do significado que lhes atribuíam. O relato de Mateus desta a Jesus
como o cumprimento das profecias do AT. Acentua que Jesus era o Messias prometido.
Não sabemos o que aconteceu com Mateus depois do
dia de Pentecostes. Uma informação fornecida por John Foxe declara que ele
passou seus últimos anos pregando na Pártia e na Etiópia e que foi martirizado
na cidade Nadabá em 60 dC. Não podemos julgar se esta informação é digna
de confiança.
9) Filipe
O Evangelho de João é o único a dar-nos qualquer
informação pormenorizada acerca do discípulo chamado Filipe. Jesus encontrou-se
com ele pela primeira vez em Betânia, do outro lado do Jordão (Jo 1.28). É
interessante notar que Jesus chamou a Filipe individualmente enquanto chamou a
maioria dos outros em pares. Filipe apresentou Natanael a Jesus (Jo 1.45-51), e
Jesus também chamou a Natanael (ou Bartolomeu) para segui-lo.
Ao se reunirem 5 mil pessoas para ouvir a Jesus,
Filipe perguntou ao Seu Senhor como alimentariam a multidão. "Não lhes
bastariam duzentos denários de pão, para receber cada um o seu pedaço",
disse ele (Jo 6.7). Noutra ocasião, um grupo de gregos dirigiu-se a Filipe e
pediu-lhe que o apresentasse a Jesus. Filipe solicitou a ajuda de André e
juntos levaram os homens para conhecê-lo (Jo 12.20-22).
Enquanto os discípulos tomavam a última refeição
com Jesus, Filipe disse: "Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta"
(Jo 14.8). Jesus respondeu que nele eles já tinham visto o Pai.
Esses três breves lampejos são tudo o que vemos
acerca de Filipe. A igreja tem preservado muitas tradições a respeito de seu
último ministério e morte. Segundo algumas delas, ele pregou na França; outras
dizem que ele pregou no sul da Rússia, na Ásia Menor, ou até na Índia.
Nada de concreto, portanto.
10) Simão Pedro
Era um homem de contrastes. Em Cesaréia de
Filipe, Jesus perguntou: "Mas vós, quem dizeis que eu sou?" Ele
respondeu de imediato: "Tu és o Cristo, o filho do Deus vivo" (Mt
16.15-16). Alguns versículos adiante leram: "E Pedro chamando-o à parte,
começou a reprová-lo..." Era característico de Pedro passar de um extremo
ao outro.
Ao tentar Jesus lavar-lhe os pés no cenáculo, o
imoderado discípulo exclamou: "Nunca me lavarás os pés." Jesus,
porém, insistiu e Pedro disse: "Senhor, não somente os meus pés, mas
também as mãos e a cabeça" (Jo 13.8,9).
Na última noite que passaram juntos, ele disse a
Jesus: "Ainda que todos se escandalizem, eu jamais!" (Mc 14.29).
Entretanto, dentro de poucas horas, ele não somente negou a Jesus, mas
praguejou (Mc 14.71).
Este temperamento volátil, imprevisível, muitas
vezes deixou Pedro em dificuldades. Mas, o ES o moldaria num líder, dinâmico,
da igreja primitiva, um "homem-rocha" (Pedro significa
"rocha") em todo o sentido.
Os escritores do NT usaram quatro nomes
diferentes com referência a Pedro. Um é o nome hebraico Simeon (At 15.14), que
pode significar "ouvir". O Segundo era Simão, a forma grega de
Simeon. O terceiro nome era Cefas palavra aramaica que significa
"rocha". O quarto nome era Pedro, palavra grega que significa
"Pedra" ou "rocha"; os escritores do NT se referem ao
discípulo com estes nomes mais vezes do que os outros três.
Quando Jesus encontrou este homem pela primeira
vez, ele disse: "Tu és Simão, o filho de João; tu serás chamado
Cefas" (Jo 1.42). Pedro e seu irmão André eram pescadores no mar da
Galiléia (Mt 4.18; Mc 1.16). Ele
falava com sotaque Galileu, e seus maneirismos identificavam-no como um nativo
inculto da fronteira da Galiléia (Mc 14.70). Foi levado a Jesus pelo seu irmão
André. (Jo 1.40-42)
Enquanto Jesus pendia na cruz, Pedro estava
provavelmente entre o grupo da Galiléia que "permaneceram a contemplar de
longe estas coisas" (Lc 23.49). Em 1Pe 5.1, ele escreveu: “... eu,
presbítero como eles, e testemunha dos sofrimentos de Cristo..."
Pedro encabeça a lista dos apóstolos em cada um
dos relatos dos Evangelhos, o que sugere que os escritores do NT o consideravam
o mais importante dos doze. Ele não escreveu tanto como João ou Mateus, mas
emergiu como o líder mais influente da igreja primitiva. Embora 120 seguidores
de Jesus tenha recebido o Espírito Santo no dia do Pentecoste, a Bíblia
registra as palavras de Pedro (At 2.14-40). Ele sugeriu que os apóstolos
procurassem um substituto para Judas Iscariotes (At 1.22). Ele e João foram os
primeiros a realizar um milagre depois do Pentecoste, curando um paralítico na
Porta Formosa (At 3.1-11).
O livro de Atos acentua as viagens de Paulo, mas
Pedro também viajou extensamente. Ele visitou Antioquia (Gl 2.11), Corinto (2
Co 1.12) e talvez Roma.
Pedro sentiu-se livre para servir aos gentios (At
10), mas ele é mais bem conhecido como o apóstolo dos judeus (Gl 2.8). À medida
que Paulo assumir um papel mais ativo na obra da igreja e à medida que os
judeus se tornavam mais hostis ao Cristianismo, Pedro foi relegado a segundo
plano na narrativa do NT.
A tradição diz que a Basílica de São Pedro em
Roma está edificada sobre o local onde ele foi sepultado. Escavações modernas
sob a antiga igreja exibem um cemitério romano muito antigo e alguns túmulos
usados apressadamente para sepultamentos cristãos. Uma leitura cuidadosa dos
Evangelhos e do primitivo segmento de Atos tenderia a apoiar a tradição de que
Pedro foi figura preeminente da igreja primitiva.
11) Simão Zelote
Mateus refere-se a um discípulo chamado
"Simão, o Cananeu", enquanto Lucas e o livro de Atos referem-se a
"Simão, o Zelote". esses nomes referem-se à mesma pessoa. Zelote é
uma palavra grega que significa "zeloso"; "cananeu" é
transliteração da palavra aramaica kanna'ah, que também significa
"zeloso"; parece, pois, que este discípulo pertencia à seita judaica
conhecida como zelotes.
A Bíblia não indica quando Simão foi convidado
para unir-se aos apóstolos. Diz a tradição que Jesus o chamou ao mesmo tempo em
que chamou André e Pedro, Tiago e João, Judas Iscariotes e Tadeu (Mt 4.18-22).
Temos diversos relatos conflitantes acerca do
ministério posterior deste homem e não é possível chegar a uma conclusão.
12) Tomé
O Evangelho de João dá-nos um quadro mais
completo do discípulo chamado Tomé do que o que recebemos dos Sinóticos ou do
livro de Atos. João diz-nos que ele também era chamado Dídimo
(Jo 20.24). A palavra grega para "gêmeos" assim como a palavra
hebraica t'hom significa "gêmeo". A Vulgata Latina empregava Dídimo
como nome próprio.
Não sabemos quem pode ter sido Tomé, nem sabemos
coisa alguma a respeito do passado de sua família ou de como ele foi convidado
para unir-se ao Senhor. Sabemos, contudo, que ele juntou-se a seis outros
discípulos que voltaram aos barcos de pesca depois que Jesus foi crucificado
(Jo 21.2-3). Isso sugere que ele pode ter aprendido a profissão de pescador
quando jovem.
Diz à tradição que Tomé finalmente tornou-se
missionário na Índia. Afirma-se que ele foi martirizado ali e sepultado em
Mylapore, hoje subúrbio de Madrasta. Seu nome é lembrado pelo próprio título da
igreja Martoma ou "Mestre Tome".
13) Matias - Substituto de Judas Iscariotes
Após a morte de Judas, Pedro propôs que os
discípulos escolhessem alguém para substituir o traidor. O discurso de Pedro
esboçava certas qualificações para o novo apóstolo (At 1.15-22). O apóstolo
tinha de conhecer a Jesus "começando no batismo de João, até ao dia em que
dentre nós foi levado às alturas". Tinha de ser também, "testemunha
conosco de sua ressurreição" (At 1.22).
Os apóstolos encontraram dois homens que
satisfaziam as qualificações: José, cognominado Justo, e Matias (At 1.23).
Lançaram sortes para decidir a questão e a sorte recaiu sobre Matias.
O nome Matias é uma variante do hebraico
Matatias, que significa "dom de Deus". Infelizmente, a Bíblia nada
diz a respeito do ministério de Matias.
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