(Foto: Maique Borges) — Foto: Cooperadores do Evangelho


Para que possamos entrar na parte das distorções doutrinarias existentes em algumas igrejas, precisamos primeiramente definir o que é costume e o que é doutrina.

COSTUME: O costume muda com o tempo, posição social, sociedade, nível de instrução, cultura, etc.
Exemplo:
Antigamente os homens usavam chapéu na rua; na Escócia os homens usam saia; na época de Moisés os homens usavam vestidos; no Rio de Janeiro as pessoas andam mais “à vontade” nas ruas devido às circunstâncias sociais, clima, etc.

DOUTRINA: A Doutrina é imutável! Ela não varia com o tempo, lugar, sociedade, cultura, posição social, nível de instrução, etc.
Exemplo:
Roubar era pecado no antigo testamento e continua sendo pecado até hoje.

Baseado nestas diferenças, quando um crente perguntar se na sua igreja tem culto de doutrina, supõe-se que esta pessoa esteja perguntando se há ensino na sua igreja; a resposta será sim; entretanto o que algumas igrejas chamam de doutrina, não passa de mero costume humano, daí a grande confusão que fazem! Seus cultos doutrinários viram verdadeiros cultos carnais de ensino de tradições e a Palavra de Deus é deixada de lado.
Nestes cultos ensina-se que a mulher não deve usar batom (tentam achar isso na Bíblia), ensina-se sobre o cabelo, o tamanho e o uso da gravata, do terno, etc. Somente a doutrina da Bíblia não é pregada!

Resultado: São gerados crentes fariseus, superficiais, meninos e frágeis.

Meus irmãos, o problema não está no costume em si; pois este pode até não ser pecado e ser algo indiferente; se alguém acha que não se deve jogar bola, por exemplo, porque isso pode não ser edificante ou coisa parecida; tudo bem, mais daí a querer impor isto como ensino e verdade bíblica, isto é perigoso!

O maior problema destas igrejas e destes crentes (individualmente falando), é que colocam seus costumes e tradições em grau de importância igual ou superior a Graça de Deus.

Exemplo:
Para as irmãs serem salvas precisam aceitar a Jesus e colocar uma saia. A irmã que não usa saia; não é salva! Isto é como dizer que temos que aceitar a Jesus e guardar o sábado!


É extremamente perigoso quando se colocam muletas para ajudar a Graça!
Fatalmente começaremos a prestar mais atenção nas muletas!


Outro detalhe é observado também na dureza de coração, o modo com o qual se dirigem àqueles que não seguem as suas tradições. As pessoas que cumprem determinados costumes, por vezes, tratam os demais irmãos com desdém; arrogância e até estupidez e maldade.

Quando se faz evangelismo, nos deparamos com “crentes” que nos tratam de modo pior do que os ímpios. Algumas jovens são até mesmo ofendidas simplesmente por usarem calça comprida.

Pense bem: Se o uso de determinados tipos de roupas (vale lembrar que não estou falando de trajes sensuais, pois existem calças indecentes e saias indecentes); fosse realmente proibido na Bíblia, isto daria respaldo para maltratarem os que estivessem errados? O que se faz com aquele que está afastado? Acabamos de matar? Ferimos?

Se, por exemplo, o usar de uma jóia fosse realmente pecado, a atitude para com estas pessoas seria a de compaixão e não a de ódio declarado e desprezo!
Cuidado!
O farisaísmo leva ao fanatismo extremo e ao ódio! Olhem para os países islâmicos, onde as mulheres podem morrer apenas por terem esquecido de usar o véu.
II. 1. Exemplo de extremismo:
Estarei relatando um caso ressente que vivenciei para mostrar a que ponto chega o farisaísmo. Os nomes foram trocados para se evitar qualquer tipo de constrangimento:

O irmão João teve a sua vida transformada em um verdadeiro tormento quando a sua mulher passou a freqüentar uma igreja evangélica recheada de costumes e virou uma fanática. João estava começando a freqüentar a igreja que pastoreio. Ela tirou seu esposo da igreja alegando que não iria mais a igreja alguma se ele não fosse para a igreja dela.

Hoje o irmão sofre uma grande opressão e perseguição, e vive uma verdadeira guerra emocional com a sua família. Sua esposa o obriga a seguir as suas tradições; resultado: o casamento não é mais o mesmo, a vida espiritual não é mais a mesma, ao ponto do irmão João ter encontrado com a minha esposa e ter dito a ela que estava congregando na mesma igreja da esposa, mas que o seu coração não está lá. Essa mulher não está sendo sábia, e, está enchendo o coração dele de ressentimento e tristeza. (O nome foi alterado para a devida preservação do irmão e de sua família).

II. 2 - A imutabilidade doutrinária
Sabemos que as verdades bíblicas são imutáveis, e que as mesmas não sofrem variações através do tempo; ao passo que os costumes e tradições dos homens variam sempre.

Um dos problemas de se não saber diferenciar o costume de uma doutrina está em se prestar atenção ao que não é importante e não perceber o fundamental; presta-se atenção aos detalhes sem importância e despreza-se o ensino importantíssimo!

Podemos observar claramente isto em algumas igrejas nos seguintes textos bíblicos:

1º) Dt 22.5 – É ofuscado o ensino contra o homossexualismo e substituído pelos costumes, que nem ao menos estão no texto.
2º) Mt 7. 13,14 – É substituído o ensino da necessidade de andarmos em retidão pelo ensino de que a mulher não pode usar batom, calça e jóias; e os homens não podem usar barba, bermudas, jogar bola, etc. Repare que nem ao menos é mencionado tal ensino no texto citado, ou tão pouco está implícito.
3º) I Co 11. 2-16 – É substituída a ênfase na submissão da mulher pela questão fútil de que a mulher (segundo eles dizem; e não Deus) não deve cortar o cabelo.
4º) I Tm 2. 9-15; I Pe 3.1-7 – É trocado o ensino de que a mulher não deve se portar com sensualidade, deve ser humilde, submissa ao marido e de que a beleza verdadeira é a interior, pelo falso ensino de que a mulher deve andar mal arrumada.


II. 3 – O caminho da incoerência
Quando a Palavra de Deus é distorcida, as pessoas são conduzidas ao caminho da perdição, da tristeza e da incoerência. Passamos então a observar comportamentos estranhos.

Constantemente vemos mulheres que usam saias indecentes e sensuais (mas o que importa se é uma saia?); mulheres que se orgulham de um enorme cabelo, mas gritam com o marido e mandam na casa; mulheres que dizem que a calça é do Diabo, mas usam calça em casa e no trabalho; homens que condenam o uso de jóias, cosméticos e calça comprida para mulheres, mas vendem em sua loja; etc.

Queridos, isto não tem outro nome senão hipocrisia!

II. 4 – A porta larga
Quando o Senhor Jesus ensinou que deveríamos escolher por entrar pela porta estreita, será que ele estava querendo dizer que era necessário guardarmos certas tradições e costumes? Será que o nosso Senhor desejava nos prender debaixo de um jugo pesado e nos trazer ao legalismo?

Absolutamente NÃO!

Se em todo Novo Testamento Jesus ensina que se quisermos guardar a lei estaremos perdidos e que somente seremos salvos através da fé em Jesus Cristo, portanto todos os métodos usados pelo homem para adquirir a salvação sempre serão fúteis diante de Deus; logo, o Senhor não poderia dizer que desejaria nos colocar no caminho estreito da lei e das tradições humanas.

Vejamos então qual é a porta larga e a porta estreita, para isso, vamos analisar o texto de Mateus, capítulo 7, versículos 13 e 14:

“Entrai pela porta estreita (larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz para a perdição, e muitos os que entram por ela), porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela.” (Almeida Revista e Atualizada)


Primeiramente observe que o texto destes dois versículos faz parte do sermão do monte. Neste sermão Jesus mostra como deve ser a vida daqueles que entrarão em seu reino. A dificuldade da porta e do caminho estreito é justamente a vida reta a qual Jesus vem expondo no contexto do sermão do monte.

A lei consistia de ordenanças e tratava apenas superficialmente, mas Jesus trata do problema do homem na sua origem. O reino de Cristo envolve muito mais do que aparência externa!

A porta estreita mostra que a vida cristã requer desprendimento desse mundo, deixar de lado os interesses próprios e viver como Cristo viveu, e isto não significa vestir ou não vestir certas roupas, mas algo muito mais profundo, pois, como disse anteriormente, seria mais fácil esconder o meu pecado atrás de uma capa de aparência do que nascer de novo verdadeiramente, abrir mão dos desejos e do “eu”. Somente pode viver a vida cristã aquele que nasceu de novo; para quem não tem o Espírito de Deus, o viver com Cristo é impossível! O caminhar com Cristo é o caminhar do perdão, do sofrer, da santidade que emana do Espírito; e quase ninguém deseja esse caminho.

A porta larga é a da sedução do mundo com os seus prazeres, a porta que satisfaz o “eu”, que pensa em si mesmo e que busca o prazer.  A maioria deseja entrar por ela.

Por incrível que pareça se for comparar com usos e costumes, larga é a porta da falsa santidade; da santidade superficial que se exterioriza com um viver de aparência!

O caminhar cristão é um caminhar de constante abnegação, por isso é difícil para o homem mau e egocêntrico. Veja Rm 12. 1,2; Fp 2. 5-11.

II. 5 – Conclusão
Há uma grande diferença entre costume e doutrina, enquanto o primeiro é variável, o segundo é imutável! O que muitas igrejas chamam de doutrina, não passa de mero ensino de homens. A interpretação incorreta da Bíblia leva ao fanatismo e incoerência afastando as pessoas da Verdade. Não devemos nos apoiar em tradições humanas e sim na maravilhosa Graça de Deus!
Por: Anderson Lemos
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Anderson Lemos

Anderson Lemos

Anderson Lemos, é bacharel em teologia, mestre e doutor (t. h. D) ciência da Divindade. Professor da Faculdade de Teologia Kairós; Professor do Seminário Bíblico Teológico Verdade e Vida. Pastor Presidente da Igreja Evangélica Verdade e Vida.