Albert Mohler Jr.
O Dr.
Albert Mohler é o presidente do Southern Baptist Theological Seminary,
pertencente à Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos; é pastor, professor,
teólogo, autor e conferencista internacional, reconhecido pela revista Times
como um dos principais líderes entre o povo evangélico norte-americano. É
casado com Mary e tem dois filhos, Katie e Christopher.
Hoje em
dia, uma preocupação comum parece surgir onde quer que os ministros se reúnam:
o ministério pastoral está mais estranho do que costumava ser. Não que o
ministério esteja mais difícil, mais cansativo ou mais exigente... está apenas
diferente – e cada vez mais estranho.
Esse
sentimento de estranheza deve-se à propagação da cultura e da filosofia
pós-modernista; provavelmente, o movimento cultural e intelectual mais
importante do atual século XXI. Que diferença o pós-modernismo tem causado?
Para saber, basta olhar para a mídia moderna, para a cultura popular e para a
forma como algumas pessoas arregalam os olhos, desconcertadas, quando falamos
sobre a verdade, o sentido da vida e moralidade.
O
pós-modernismo desenvolveu-se entre os acadêmicos e artistas, mas rapidamente
se espalhou para toda a cultura. O pós-modernismo refere-se basicamente ao
desaparecimento da modernidade e ao surgimento de um novo movimento cultural. A
modernidade, cosmovisão dominante desde o Iluminismo, foi suplantada pelo pós-modernismo,
que tanto amplia, como nega certos princípios e símbolos centrais da era
moderna.
É claro
que muito da literatura a respeito do pós-modernismo é absurda e difícil de ser
levada a sério. Quando a maioria dos personagens eminentes do pós-modernismo
fala ou escreve, geralmente o resultado é uma linguagem inarticulada que se
parece mais com um teste de vocabulário do que com um argumento bem
fundamentado. No entanto, o pós-modernismo não deve ser deixado de lado como
algo sem importância ou irrelevante. Essa não é uma questão de preocupação
somente entre os acadêmicos e a vanguarda – esse novo movimento representa um
desafio crucial à igreja cristã e ao pastor.
Na
verdade, o pós-modernismo pode não ser considerado como um movimento ou uma
metodologia. Ele pode ser melhor descrito como uma disposição mental que se
afasta das certezas da era moderna. Essa disposição mental é o cerne do desafio
pós-moderno.
O que
delineia essa disposição mental pós-moderna? Esse novo movimento é útil para a
nossa proclamação do evangelho? Ou a era pós-moderna traz um grande afastamento
da verdade cristã? Uma olhada nos aspectos fundamentais do pós-modernismo pode
ser útil.
A Desconstrução da Verdade
Ainda que
a natureza da verdade venha sendo debatida ao longo dos séculos, o
pós-modernismo tem transformado esse debate em seu carro-chefe. Embora a
maioria dos argumentos ao longo da história tenha se focalizado nas afirmações
antagônicas acerca da verdade, o pós-modernismo rejeita até mesmo a mera noção
da verdade como algo imutável, universal, objetivo ou absoluto.
A
tradição cristã compreende a verdade como algo estabelecido por Deus e revelado
através da auto-revelação de Deus nas Escrituras. A verdade é eterna, imutável
e universal. Nossa responsabilidade é regrar a nossa mente em conformidade com
a verdade revelada de Deus e testemunhar essa verdade. Servimos a um salvador
que identificou-se como sendo "o Caminho, a Verdade e a Vida" e
exigiu fé nEle.
A ciência
moderna, em si mesma um produto do Iluminismo, rejeitou a revelação de Deus
como fonte da verdade e colocou o método científico em seu lugar. A modernidade
tentou estabelecer a verdade baseada na precisão científica, através do
processo do pensamento indutivo e da investigação. As outras disciplinas
tentaram seguir o exemplo dos cientistas, estabelecendo uma verdade objetiva
por meio do pensamento racional. Os modernistas estavam confiantes de que a sua
abordagem produziria verdades universais e objetivas por intermédio da razão
humana.
Os
pós-modernistas rejeitam tanto a abordagem dos cristãos quanto a dos
modernistas no assunto da verdade. Conforme a teoria pós-modernista, a verdade
não é universal, não é objetiva ou absoluta e não pode ser determinada pelos
métodos normalmente aceitos. Ao invés disso, os pós-modernistas argumentam que
a verdade é construída socialmente, que ela é plural e inacessível à razão
universal.
Conforme
afirma o filósofo pós-moderno Richard Rorty, a verdade é fabricada e não
descoberta. De acordo com os desconstrucionistas, uma ramificação influente dos
pós-modernistas, toda verdade é construída socialmente. Ou seja, os grupos
sociais constroem a sua própria "verdade" para servir aos seus
interesses. De acordo com o argumento de Michel Foucault, um dos teóricos
pós-modernistas mais importantes, toda reivindicação da verdade é construída
para servir àqueles que estão no poder. Dessa forma, o papel do intelectual é
desconstruir a reivindicação da verdade para libertar a sociedade.
Aquilo
que tem sido entendido e afirmado como sendo a verdade, declaram os
pós-modernistas, nada mais é do que uma estrutura de pensamento conveniente,
planejado para oprimir aqueles que não estão no poder. A verdade não é
universal, porque cada cultura estabelece a sua própria verdade. A verdade não
é objetivamente real, pois toda verdade é meramente construída – como afirmou
Rorty, a verdade é fabricada e não descoberta.
Não é
preciso ter muita imaginação para perceber que esse relativismo radical é um
desafio direto ao evangelho cristão. A nossa reivindicação não é pregar uma
verdade entre muitas. Não cremos que o evangelho cristão é uma verdade
construída pela sociedade, mas sim a Verdade que liberta pecadores do pecado –
e ela é objetiva, universal e historicamente verdadeira. E como o falecido
Francis Schaeffer nos instruiu, a igreja cristã deve lutar pela verdade
verdadeira.
A Morte da Metanarrativa
Visto que
os pós-modernistas acreditam que toda verdade é construída socialmente, devemos
resistir a qualquer apresentação de uma verdade absoluta, universal e
estabelecida. Todas as vastas e maravilhosas asseverações acerca da verdade, do
sentido da vida e da existência humana são rejeitadas como
"metanarrativas" que reivindicam muito mais do que aquilo que podem
oferecer.
Jean-François
Lyotard, provavelmente o mais famoso pós-modernista europeu, definiu o
pós-modernismo nestes termos: "Simplificando ao extremo, pós-modernismo
é a incredulidade contra as metanarrativas".[i] Assim sendo, todos os grandiosos sistemas
filosóficos estão mortos, e todas as asseverações culturais são limitadas; tudo
o que resta são histórias aceitas como verdade por diferentes grupos e
culturas. As afirmações sobre uma verdade universal – as metanarrativas – são
opressivas, "totalitárias" e devem ser rejeitadas.
O
problema nessa questão, é lógico, é que o cristianismo não faz sentido sem o
evangelho – que é uma metanarrativa. Na verdade, o evangelho cristão é nada
menos do que a Metanarrativa de todas as metanarrativas. Para o
Cristianismo, abandonar a reivindicação de que o evangelho é uma verdade
universal e objetivamente estabelecida é o mesmo que abandonar o ponto
essencial da nossa fé. O cristianismo é a grandiosa metanarrativa da redenção.
Nossa história começa com a criação do Deus soberano e onipotente; continua por
meio da queda da humanidade no pecado e da redenção dos pecadores por
intermédio da obra substitutiva de Cristo na cruz; e promete um duplo destino
eterno para toda a humanidade – os redimidos, para sempre com Deus, na glória;
e os não-redimidos, no castigo eterno. Essa é a mensagem que pregamos – e ela é
uma metanarrativa gloriosa e transformadora de vidas.
Não
pregamos o evangelho como se fosse uma narrativa dentre muitas narrativas
verdadeiras ou como a "nossa" narrativa, paralelamente às narrativas
autênticas dos outros. Não podemos recuar, afirmando que a verdade bíblica é
simplesmente para nós. A nossa reivindicação é que a Bíblia é a Palavra
de Deus para todos. Isso é profundamente ofensivo para a cosmovisão
pós-modernista, que ataca, com imperialismo e opressão, a todos quantos
asseveram verdades universais.
O Falecimento do Texto
Se a
metanarrativa está morta, logo, os maravilhosos textos por detrás das metanarrativas
também estão mortos. O pós-modernismo afirma que é uma falácia atribuir
significado a um texto, ou mesmo ao que o autor disse. O leitor é quem
estabelece o significado, e nenhum controle limita o significado da leitura.
Jacques
Derrida, líder da literatura desconstrucionista, descreve essa mudança nos
termos "morte do autor" e "morte do texto". O significado fabricado,
mas não descoberto, é criado pelo leitor no ato da leitura. O texto deve
ser desconstruído para que possa libertar-se do autor e permanecer um texto
vivo, como uma palavra livre.
Esse novo
método de hermenêutica explica muitos dos correntes debates na literatura, na
política, no direito e na teologia. Todos os textos – quer sejam as Sagradas
Escrituras, a Constituição dos Estados Unidos ou as obras de Mark Twain – são
submetidos ao criticismo e à dissecação esotérica, tudo em nome da libertação.
Segundo
os pós-modernistas, os textos revelam uma mensagem oculta, com intenções
opressoras da parte do autor e, por essa razão, devem ser desconstruídos. Essa
não é uma mera questão de importância acadêmica. É o argumento por detrás das
muitas interpretações contemporâneas da Constituição, feitas pelos juízes; das
apresentações dos assuntos na mídia e da fragmentação da erudição bíblica moderna.
O surgimento de escolas de interpretações voltadas para grupos de interesse
como o das feministas, dos liberalistas, dos homossexuais e vários outros é a
questão central desse princípio pós-moderno.
Conseqüentemente,
a Bíblia é submetida à uma reinterpretação radical, geralmente com pouca ou
nenhuma consideração pelo significado óbvio do texto ou pela intenção evidente
do autor humano. Os textos que não agradam a mente pós-modernista são
rejeitados como opressivos, patriarcais, heterossexuais, homofóbicos ou
deturpados por outros preconceitos ideológicos ou políticos. A autoridade do
texto é negada em nome da libertação, e as interpretações mais fantasiosas e
ridículas são celebradas como "convincentes" e até mesmo
"autênticas".
É claro
que a noção de "morte do autor" assume um significado completamente
novo quando aplicado às Escrituras, pois reivindicamos que a Bíblia não é
meramente palavras de homens, mas sim a Palavra de Deus. A insistência
pós-modernista na morte do autor é inerentemente ateísta e anti-sobrenatural. A
reivindicação de uma revelação divina é descartada como apenas mais uma das
exteriorizações do poder opressivo. Quando a verdade é negada, o que prevalece
é a terapia. A questão crucial muda de "O que é a verdade?" para "O
que faz com que eu me sinta bem?". Essa tendência cultural tem se
desenvolvido ao longo do século, mas agora tem alcançado proporções épicas.
A cultura
que confrontamos está quase que completamente submissa ao que Philip Reiff
chamou de "triunfo da terapêutica". Num mundo pós-moderno, todas as
questões acabam girando em torno do eu. Portanto, tudo o que resta como alvo de
muitas abordagens educacionais e teológicas é elevar a auto-estima. Categorias
de palavras como "pecado" são rejeitadas como opressivas e prejudiciais
à auto-estima.
As
abordagens terapêuticas são dominantes numa cultura formada de indivíduos que
não têm sequer a certeza de que a verdade existe – mas que estão convictos de
que nossa auto-estima deve permanecer intacta. O certo e o errado são descartados
como lembranças obsoletas de um passado opressivo. Em nome de nossa própria
"autenticidade", rejeitaremos todos os padrões morais inconvenientes
e substituiremos a preocupação com o certo e o errado pela
afirmação dos nossos direitos.
A
Teologia é igualmente reduzida à terapia. Sistemas teológicos inteiros, bem
como suas abordagens, são construídas de modo a reduzir o seu alvo a nada mais
do que à elevação da auto-estima de indivíduos e grupos especiais. Essas
teologias do "sentir-se bem" dispensam a "negatividade" dos
textos bíblicos ofensivos ou até mesmo a Bíblia inteira. Categorias de palavras
como "perdição" e julgamento ficam de fora. No lugar delas estão as
vagas noções sobre aceitação sem arrependimento e completude sem redenção.
Podemos não saber (ou nos importar) se somos salvos ou perdidos, mas certamente
nos sentimos bem melhor acerca de nós mesmos.
O Declínio da Autoridade
Visto que
a cultura pós-moderna está comprometida com uma visão radical de libertação,
todas as autoridades devem ser subvertidas. Dentre todas as autoridades
destronadas estão: textos, autores, tradições, metanarrativas, a Bíblia, Deus e
todos os governos no céu e na terra. Exceto, é claro, a autoridade dos teóricos
pós-modernistas e dos personagens eminentes da cultura, que exercem o seu poder
em nome dos povos oprimidos em toda parte.
Segundo
os pós-modernistas, aqueles que estão em posição de autoridade utilizam seu
poder para continuarem no poder e servirem aos seus próprios interesses. Suas
leis, tradições, textos e "verdade" nada mais são do que aquilo que é
projetado para mantê-los no poder.
Assim, a
autoridade dos líderes governamentais passa a ser corroída, da mesma forma como
a autoridade dos professores, dos líderes comunitários, dos pais e dos
pastores. Enfim, a autoridade de Deus é rejeitada como sendo totalitária e
autocrática. E como os pastores são representantes dessa deidade autocrática,
devemos resistir à autoridade deles de igual modo.
Doutrinas,
tradições, credos e confissões de fé – tudo deve ser rejeitado e taxado como
algo que limita a auto-expressão e representa &a autoridade opressiva. Os
pregadores são tolerados, contanto que apóiem as mensagens terapêuticas que
elevam a auto-estima; e resistidos, sempre que introduzem reivindicações sobre a
autoridade divina ou à verdade universal em seus sermões.
A Destituição da Moralidade
Ivan, na
novela de Fyodor Dostoyevsky, Os Irmãos Karamasov, estava certo; se Deus
está morto, tudo é permissível. O Deus permitido no pós-modernismo não é o Deus
da Bíblia, mas sim uma vaga idéia de espiritualidade. Não há tábuas da lei, nem
os Dez Mandamentos... não há regras.
A
moralidade, juntamente com outros alicerces culturais, é descartada como
opressiva e totalitária. Um relativismo moral abrangente é a marca da cultura
pós-moderna. Não estou dizendo que os pós-modernistas relutam em utilizar uma
linguagem moral. Ao contrário, a cultura pós-modernista está recheada de
discurso moral.
A
homossexualidade, por exemplo, é abertamente defendida e aceita.& O avanço
dos estudos sobre gays e lésbicas nas universidades, o aparecimento do poder
político homossexual e as imagens eróticas homossexuais, agora comuns na
cultura popular, marcam essa dramática reviravolta moral. A homossexualidade
não é mais considerada um pecado. A homofobia é criticada como se
fosse pecado, e as reivindicações por tolerância aos "estilos de vida
alternativos" agora se transformaram em reivindicações públicas para a
celebração de& todos os estilos de vida como moralmente iguais.
Michael
Jones descreveu a modernidade como "promiscuidade sexual
racionalizada", e a pós-modernidade é a sua extensão lógica. Michael
Foucault, que argumentou que toda moralidade sexual é um abuso de poder, clamou
para que o pós-modernismo celebrasse a "perversidade polimorfa". Ele
viveu e morreu dedicando-se a esse estilo de vida, e sua profecia tem se
cumprido nesta década.
O Ministério Cristão numa Era Pós-moderna
O
pós-modernismo representa o único desafio a ser encarado pelo Cristianismo
nesta geração. Walter Truett Anderson descreveu a realidade pós-moderna em seu
engenhoso livro Reality Isn't What it Used to Be (A Realidade não é Como
Costumava Ser).[ii]
Esta é a reivindicação central do pós-modernismo: a realidade não é o que
costumava ser, e jamais o será novamente. Agora, a humanidade é maior de idade;
faremos nossa própria verdade; definiremos nossa própria realidade e nos
empenharemos pela nossa auto-estima.
Nessa
cultura, o ministério pastoral é mais estranho do que costumava ser.
Atualmente, os conceitos pós-modernos de verdade reinam na era pós-moderna, e
até mesmo nos bancos das igrejas pós-modernas. Pesquisas indicam que a maioria
crescente daqueles que professam ser cristãos rejeitam até mesmo a noção de uma
verdade absoluta.
A
"morte do texto" fica evidente pela resistência à pregação bíblica em
muitas igrejas. Os ouvidos pós-modernos não querem mais ouvir o "assim diz
o Senhor" do texto bíblico. Uma vez que a verdade é fabricada e não
descoberta, podemos projetar a nossa própria religião ou espiritualidade
pessoal e omitir doutrinas e mandamentos morais inconvenientes. O
pós-modernismo promete que o indivíduo pode construir uma estrutura pessoal de espiritualidade,
livre de interferências ou autorização externas. Sob o lema: "Não existe
outra verdade como a minha verdade", as crianças do pós-modernismo
estabelecerão seu próprio sistema doutrinal e desafiarão a correção.
Gene
Veith, deão da Faculdade Ciências Humanas, na universidade de Concórdia,
contou-nos sobre um jovem que afirmava ser cristão, professava crer em Cristo e
amava a Bíblia, mas também cria na reencarnação. Seu pastor confrontou sua
crença na reencarnação dirigindo o jovem para Hebreus& 9.27. O texto foi
lido: "E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo,
depois disto, o juízo". O jovem voltou o olhar para o seu pastor e
respondeu: "Bem, essa é a sua interpretação".[iii]
Em nome
do pós-modernismo, qualquer coisa pode ser explicada como uma questão de
interpretação. O conceito dos jogos de linguagem wittgenstein declara
que cada sentença deve ser avaliada com cuidado. Um conceito tão claro e óbvio
como a primeira linha do Credo Apostólico: "Creio em Deus Pai,
Todo-poderoso, Criador do céu e da terra" deve ser analisado nos termos
das intenções do falante. Essa confissão assevera a crença de que Deus é, de
fato, o criador do céu e da terra ou essa afirmação é um mero sentimento
pessoal?
A
estranheza do ministério pastoral na era pós-moderna pode ser vista em estudos
bíblicos que não estudam a Bíblia, mas são exercícios psicológicos de
auto-conhecimento, com o tipo de moralidade self-service, praticada por muitos
membros de igreja; e a crescente aceitação de outras religiões como caminhos
válidos para a salvação.
A cultura
moderna é revoltada contra a verdade, e o pós-modernismo não é nada senão a
forma mais recente dessa revolta. Nesses tempos estranhos, o ministério
pastoral clama por convicções não diluídas e por uma apologética fiel. As
tentações para comprometer a mensagem são grandes, e a oposição que se levanta
contra todo aquele que tem a pretensão de pregar a verdade absoluta e eterna é
severa. Entretanto, essa é a tarefa da igreja cristã.
Precisamos
compreender o pós-modernismo, ler os escritos de seus teóricos e aprender sua
linguagem. Isso é muito mais um desafio missionário do que um exercício
intelectual. Não podemos nos dirigir a uma cultura pós-moderna a menos que
entendamos sua mente.
Devido a
sua própria natureza, o pós-modernismo está condenado à auto-destruição. Seus
princípios centrais não podem ser aplicados de maneira consistente. (Apenas
peça para que um acadêmico pós-moderno aceite "a morte do texto" nas
cláusulas de seu contrato). A igreja deve continuar a ser o povo da verdade,
apegando-se às reivindicações de Cristo, e batalhando pela fé que uma vez por
todas foi entregue aos santos. O pós-modernismo rejeita qualquer menção a uma
verdade que foi entregue "uma vez por todas", mas a igreja não pode
comprometer o seu testemunho.
O
ministério pastoral está mais estranho do que costumava ser. No entanto, esta é
uma era de grandes oportunidades para evangelização, pois à medida que os
deuses do pós-modernismo morrem, a igreja testemunha a Palavra da Vida. Em meio
à uma era pós-moderna, nossa tarefa é testemunhar a Verdade e recolher os cacos
à medida que a cultura se despedaça.
[i] Jean-Francois Lyotard, The
Postmodern Condition: A report on Knowledge, trans. Geoff Bennington and
Brian Massumi, "Theory and History of Literature," vol. 10.
Minneapolis: University of Minnesota Press, 1984. p. 24.
[iii] Gene Veith, "Catechesis, Preaching, and Vocation," in Here
We Stand, ed. James Boice and Ben Sasse. Grand Rapids: Baker Book House,
1996. pp. 82-83.
________________________________
Tradução: Waléria Coicev
Revisão: Tiago Santos
Traduzido do original em inglês: Ministry is stranger than it used to be: The Chalange of Postmodernism (www.albertmohler.com).
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