Josemar
Bessa
Em nossos
dias a idéia de espiritualidade é uma coisa "afetada"-
irreal. É que os padrões do mundo é que determinam isso. Ser espiritual é
ser "vencedor" (meio super alguma coisa). É alguém que
simplesmente pisa em todos os problemas (dificuldades, enfermidades, etc.)
É alguém que sorri o dia todo, enfim, uma fantasia. A Bíblia não é assim. Hoje
vemos pessoas representando um ideal mundano de "sucesso" e
"felicidade". Gente assim não tem nada para ensinar a pessoas
simplesmente normais como nós. O ensino bíblico de forma nenhum é assim.
A Bíblia
não nos mostra super-homens (como muitos mostram hoje), ela nos mostra homens
parecidos conosco. Isso é bom, se o Espírito Santo através da Palavra os fez
vencer, nós também venceremos. Olhemos Paulo, por exemplo, ele é um homem ímpar
no plano de Deus. Não houve outro homem igual a ele, nenhum ser humano recebeu
uma revelação maior. Como ele mesmo se mostra? Como ele se descreve? "Em
tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porem não
desanimados; perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porém não
destruídos" (2Co 4.8,9). Paulo descreve a si mesmo como que
estando em muitos momentos triste, atribulado, perplexo, abatido... Ele
diz que se desesperou: "Porque não queremos irmãos, que ignoreis a
natureza da tribulação que nos sobreveio na Ásia, porque foi acima das nossas
forças, a ponto de desesperarmos até da própria vida" (2Co 1.8). A
idéia é que pessoas como Paulo não passam por essas experiências.
Na
verdade, a vida de homens como Paulo é que mostra o poder de Deus, o
crescimento e a capacitação pra viver a vida como um filho de Deus que a
Palavra produz. Ele é fraco, mas diz que quando é fraco, então é forte. Muitas
vezes entristecido, mas sempre alegre. Não tendo nada, mas possuindo tudo. "Como
enganadores, e sendo verdadeiros; como desconhecidos, e entretanto, bem
conhecidos; como se estivéssemos morrendo e contudo eis que vivemos; como
castigados, porém não mortos; entristecidos, mas sempre alegres; pobres, mas
enriquecendo a muitos; nada tendo, mas possuindo tudo" (2Co 6.8-10).
Como
podemos ver, a diferença está em sermos tão somente recipientes do tesouro
divino; as bençãos espirituais em Cristo, de uma relação verdadeira e submissa
a Palavra. Por quê devemos mediante a Palavra saber lidar com a depressão e os
problemas da vida? Porque jamais deixamos de ser vasos de barro: "Temos
porém este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de
Deus e não de nós" (2Co 4.7). O propósito de Deus é grande, seu
poder é ilimitado, mas Ele não anula e não anulará o vaso de barro. Deus põe o
tesouro espiritual em Cristo, em vasos de barro. É por isso que um paradoxo
sempre estará presente na vida de um verdadeiro filho de Deus: "Como
entristecidos, mas sempre alegres, nada tendo, mas possuindo tudo..." A
fraqueza de um homem que está numa real e verdadeira relação com Deus, jamais
limitará o poder de Deus.
A idéia
secular de sucesso e vitória que hoje domina a igreja, dá a idéia de que onde
há tristeza não pode haver alegria; que onde houver lágrimas, não pode haver
louvor... Isso é completamente falso. O vaso é de barro, mas há um tesouro
nele. Por isso, quando a tristeza e a depressão chegar, devemos nos voltar para
a suficiência do tesouro divino. Se nos apegarmos assim a Deus e a sua Palavra,
poderemos em todo o nosso viver experimentar esse maravilhoso paradoxo do viver
do verdadeiro filho de Deus.
Devemos
almejar que o tesouro em nós seja mais e mais visto neste mundo sem Deus, mas
também que o vaso fraco de barro que nós somos seja mais e mais visto por
todos. Sim, que o mundo veja o tesouro em nós, mas sem deixar de enxergar com
clareza, o vaso de barro que nós somos. Que este paradoxo seja tão claro em
nossa vida, como deve ser verdadeira a nossa relação com Deus.
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