Luiz
Fernando
Quando
estudava na faculdade de História a disciplina que mais me atraia era História
Medieval. Talvez porque tenha me identificado com o professor. Sei que investi
muito dinheiro adquirindo livros sobre este período da nossa história. O
imaginário medieval é algo espetacular. As justificativas eram sempre apelando
para o espiritual e sobrenatural. Em nome de Deus chegou-se a vender perdão de
pecados, pedaços da cruz de Cristo, pedaços dos ossos do jumento que levou
Jesus para Jerusalém. Visitar túmulos de santos era uma prática que estava na
moda. As Escrituras Sagradas eram distorcidas para atender as demandas
financeiras e de poder da Igreja Romana.
Quando conclui meu curso verifiquei que, em termos espirituais, a igreja
retrocedeu àquele período. Abandonamos os pressupostos teológicos sadios e
abraçamos com ânsia o imaginário medieval. Quem crê que uma boa teologia é
fundamento para crescimento sadio da igreja é taxado de herético ou mesmo frio
e tradicional e merece o tribunal do santo oficio moderno (evangélico).
A igreja está à sombra da Idade Média. Suas práticas são medievais e encontrou
no vazio da pós-modernidade o terreno ideal para crescimento. Vejamos algumas
práticas medievais em andamento:
1 – Atos proféticos – Terminologia desconhecida da Bíblia.
Acredito que por não vivenciarmos com clareza, decência e boa base bíblica os
dons espirituais, alguns despercebidos “teólogos” cunharam esta terminologia
inócua. Para tais, os atos proféticos são comportamentos feitos aqui na terra
que terão como consequência suas realizações no mundo espiritual. Daí vermos
comportamentos dignos de dó e de total desprezo. Alguns em nome de uma
espiritualidade doentia chegaram a tomar um avião e despejar óleo ungido sobre
cidades, achando que assim estariam abençoando tal área geográfica. Ouvi de um
pastor em um programa de televisão que: “por ter entendido que o óleo ungido
seria jogado sobre Belo Horizonte então os demônios sairiam de Belo Horizonte e
iriam para Sabará, lugar originador de Belo Horizonte”. Tal pastor correu para
sua cidade (Sabará) e realizou atos proféticos para impedir a chegada dos
demônios que supostamente sairiam de Belo Horizonte. Sabará é cidade vizinha a
Belo Horizonte.
Outros convocaram os membros de suas igrejas para se posicionarem na Avenida do Contorno, em Belo Horizonte, para derramarem leite e mel sobre cada quarteirão desta avenida no intuito de ver a cidade prosperar.
Outros convocaram os membros de suas igrejas para se posicionarem na Avenida do Contorno, em Belo Horizonte, para derramarem leite e mel sobre cada quarteirão desta avenida no intuito de ver a cidade prosperar.
Fiquei a me perguntar: o que mudou após tais atos proféticos? Os índices
de criminalidade, prostituição, tráfico de drogas etc., diminuíram? Há poucos
anos tínhamos em Belo Horizonte uma média de 03 mortes por final de semana.
Hoje chegamos a mais de 20. Por que tais atos proféticos não resultaram em
melhoria desses índices? A resposta mais simples é que são inócuos.
2 – Nomes Amaldiçoados – Pratica anti-bíblica. Alguns
crêem que alguns nomes trazem consigo maldição e que pessoas que possuem tais
nomes são amaldiçoadas. Daí vermos um comportamento infantil de até pastores
trocarem seus nomes. Parece com a prática da numerologia que diz que alguns
nomes precisam ser modificados para atrair melhorias em diversas áreas. A
verdade é que não existem nomes amaldiçoados. A verdade é que tal ensinamento
aprisiona pessoas em nome de Deus. Adoece e não apresenta cura, pois, a simples
troca de nomes nada significa no mundo espiritual.
3 – Quebra de Maldições Hereditárias – Prática
anti-bíblica. Alguns pregadores afirmam que demônios perseguem famílias
inteiras. Que demônios que oprimiram parentes no passado acompanham as gerações
posteriores. Milhares de cristãos adoecem por causa desse ensino herético. Para
tais pregadores necessário se faz fazer correntes espirituais para quebrar tais
maldições. No final da corrente o pastor ora e o mal vai embora. Isso cheira
a xamanismo. Isso cheira a animismo. Nada me convence que
isso não é somente para tirar dinheiro dos pobres cristãos, que em tudo são
muito crédulos. Se o sacrifício do Senhor Jesus Cristo na cruz não foi
suficiente para nos libertar de qualquer maldição, então nada mais será. Se o
sangue derramado na cruz não quebra nossas maldições, muito menos a oração de
um pastor qualquer. Paulo nos diz que já somos mais que vencedores em Cristo
Jesus. João nos ensina que o maligno não nos pode tocar. Pedro nos lembra que
somos povo de propriedade exclusiva de Deus, sacerdócio real, nação santa. Isso
bastaria para nos deixar descansados. Mas os homens criaram mediadores para
interferirem na obra do Calvário. Em Cristo todo cristão é completamente livre.
Satanás é limitado por ser criatura. Somente age dentro dos limites que Deus
permite. Deus nunca nos entrega nas mãos de Satanás. Em Cristo somos novas
criaturas, entramos em um novo aion (tempo) onde Cristo é nosso
Senhor e a escravidão do passado foi revogada e cravada na cruz.
4 – Dar legalidade – Prática anti-bíblica. Ensino
esdrúxulo que diz que se pecarmos damos legalidade para o diabo atuar em nossas
vidas. Como se nossa salvação tivesse dependido exclusivamente de nós ou se nós
tivéssemos grande parte nessa salvação. Quando Cristo nos comprou na cruz
passamos a ser dEle. Somente dEle. Fomos comprados por bom preço conforme Paulo
nos diz em primeiro Coríntios. Precisamos lembrar que a Graça de Deus nos foi
comunicada. Que fomos salvos pela Graça e somente isso. Que a cruz nos
leva a ser propriedade exclusiva de Deus. Se somos propriedade
exclusiva de Deus não temos direito de dar legalidade para o diabo em instância
alguma. Paulo se dizia escravo de Cristo. Escravo não tem vontade, poder e não
possui nada para dar. De onde tiraram que podemos dar legalidade ao diabo?
Com esse ensino gera-se uma neura que perturba o cristão que passa e
olhar para ver se tudo o que faz não o faz em pecado. O medo se instalou.
5 – Objetos consagrados – Prática anti-bíblica. Alguns mercenários
com nome de pastores chegam a distribuir cimento abençoado, outros martelinhos
cheios de óleo para quebrar maldições. Alguns descobriram um jeito bom de
ganhar dinheiro ao distribuírem unções com unguentos ou essências vindas do
oriente médio. Vi um pregador oferecer a unção com mirra para o embelezamento
interior e exterior. Creio que não funcionou para seu casamento, pois, acaba de
divorciar. São práticas medievais que ainda persistem em nosso meio. Tais
pregadores nunca souberam que tudo vem da maravilhosa Graça de Jesus. São
descarados e abomináveis tais personagens.
6 – Unções com os mais variáveis nomes – Prática
anti-bíblica. Por uma quantia de dinheiro prometem unções de todos os tipos. Um
apóstolo ofereceu unção de nobreza de Salomão por R$ 10.000,00. O mesmo
apóstolo recebeu profecia de Morris Cerullo que porque ele, o apóstolo, estava
segurando sua camisa e Cerullo era Judeu, então o apóstolo receberia a unção de
Davi. Repetidas vezes foi oferecida a unção financeira ilimitada, cura e envio
de anjos por R$ 900,00. Talvez o argumento para se repetir o programa seja
porque milhares de pessoas ligaram para dizer que aceitavam tal desafio
financeiro. Vox populi (a voz
do povo) nunca foi Vox Dei (a voz de Deus). Se fosse nunca
teriam pedido a soltura de Barrabás, nunca pediriam a Aarão que fizesse um
bezerro de ouro para adoração. A massa é levada por manipulação e tais
pregadores fazem das massas evangélicas massa de manobra. São incapazes de usar
os neurônios. Dizem que uma palavra profética não pode ser desprezada. Digo
para desprezarmos toda palavra profética que ferir a Palavra de Deus.
Nunca uma profecia enunciada por um homem foi maior do que a Palavra de Deus.
Paulo diz para julgarmos as profecias e se isso é assim é porque existem falsos
profetas e falsas profecias. Mas quando muito dinheiro circula vale tudo. A
Palavra de Deus é suficiente para nos assegurar equilíbrio emocional e
espiritual. É suficiente para nos emancipar das sombras da Idade Média
espiritual e nos fazer maduros em Cristo.
A igreja precisa pregar O Evangelho e não sobre o evangelho. Os
pregadores precisam entender que suas funções são apresentar o cristão maduro
diante de Deus e pregar um evangelho descontaminado.
Deixemos as crendices e nos voltemos para a realidade da Palavra de Deus.
Soli Deo Gloria
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