Assim dizo SENHOR: Ponde-vos à margem no caminho e vede, perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho; andai por ele e achareis descanso para a vossa alma; mas eles dizem: Não andaremos. (Jeremias 6:16)
Nãoesperamos nenhum novo mundo em nossa astronomia nem nenhuma nova Bíblia em nossa teologia. (Augustus H. Strong)
O cenário
evangélico atual é algo bem distinto da herança da Reforma Protestante. Hoje se
fala muito em “poder, cura, batalha espiritual e vitória financeira”, mas na
verdade é ínfimo o potencial que se está utilizando das Escrituras nas igrejas
contemporâneas, em sua maioria. Quase toda pregação no presente é subjetiva,
superficial e ilusória, mas não por isso impopular. Pelo contrário, de tão pop
influencia as igrejas antes tradicionais -- presbiterianas, congregacionais
e batistas. -- O arminianismo1 e o pentecostalismo2 com seus
tentáculos midiáticos e seu forte sectarismo abraçam praticamente todos os
pontos de pregação. O que muitos não atentam é que nem sempre foi assim e que é
preciso retornar às antigas veredas em busca de obediência e temor.
Não
precisa ir muito longe para captar bons exemplos de igrejas. Décadas atrás a
sistematização doutrinária pregada nos púlpitos era mais harmoniosa
doutrinariamente, simples e prática. Porém a condição pós-moderna impôs uma
convivência com a pluralidade, a fragmentação, a heterogeneidade e contradições
sem igual. De tempos em tempos nasce um novo modismo, transitório como fogo de
palha. Muitos pregadores que seguiram ou seguem este “fogo estranho” exalam sua
fumaça presentemente, e os “adoradores” em “carne e em mentira” amam aspirá-la.
A
variedade de estilos das manifestações doutrinárias mina a harmonia doutrinária
ortodoxa e confessional do protestantismo histórico. A bandeira evangélica
contemporânea para um observador externo é complexa, cheia de contradições,
incertezas e simulações inquietantes. Os evangélicos ironizam e rejeitam suas
próprias raízes. As premissas sólidas são simplesmente jogadas no lixo como
algo não prioritário. O espírito antidogmático reina e todos adormecem na
sonolência da irracionalidade. Doutrinas apostólicas perenes e universais são
consideradas heresias pelos seguidores de “novos apóstolos” e suas seitas. Há
quase 500 anos Lutero já dizia: “Qualquer ensinamento que não se enquadre nas
Escrituras deve ser rejeitado, mesmo que faça chover milagres todos os dias”,
hoje se diz o inverso e com “autoridade”.
Nunca foi
tão válida a expressão “os fins justificam os meios”, a igreja pós-moderna
focaliza-se nos modos e meios de representações que provêm das experiências
subjetivas dos evangélicos e fazem disso sua formação “doutrinária”. A teologia
de hoje não tem uma estrutura sólida e bem construída, ela é muito mais uma
“demolidora irresponsável” e desconstrucionista. A identidade evangélica é
fluida, plural, paródia e fragmentação dos antigos cristãos, apoiada em
fundamento de areia das novas roupagens das velhas heresias. O protestantismo
histórico deve retomar seu protesto contra tais coisas pensando na Igreja da
próxima geração, como frisou Francis Schaeffer: “Se não tornarmos clara nossa
posição, com palavras e obras, em favor da verdade e contra as falsas
doutrinas, estaremos edificando um muro entre a próxima geração e o evangelho”.
Infelizmente
as velhas e novas heresias são atraentes pelo seu poder em priorizar as
questões de “poderes, cura e mercado”. A formação lobo-pastoral prioriza a
“inovação” como um ingrediente vital para o sucesso de uma igreja, como se
fosse um negócio. Se o povo está sedento por “milagres econômicos” ou curas, os
lobos identificam a oportunidade e realizam uma estratégia de marketing
religioso. Se uma igreja consegue lotar galpões de “fiéis”, outros lobos
analisam o “produto” da concorrência e propõe novos “produtos” para captar mais
fiéis. E assim vira uma bola de neve, sem trocadilho. Tal mentalidade
eclesiástica é fundamental para lidar com a concorrência religiosa. Sob este
viés a igreja é pensada como uma estratégia empresarial. Agem como cães que não
temem o que está escrito em Gálatas 6.7: Não vos enganeis: de Deus não se
zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará.
Seguindo
o planejamento estratégico diabólico de crescimento de “igreja-negócio” a
oportunidade atual identificada para explorar os fiéis é o neopentecostalismo3,
o pentecostalismo e o arminianismo, alguns são mais fervorosos que outros, mas
todos, em certa medida, não fazem bom uso da prudência cristã
bíblico-doutrinária e detêm a verdade. -- Ó homens, até quando tornareis a
minha glória em vexame, e amareis a vaidade, e buscareis a mentira? (Salmos
4:2).
A
teologia contemporânea acabou com as confissões de fé, com os cânones, com a
boa exegese, com a interpretação histórico-gramatical, com o Princípio
Regulador de Culto, os valores tradicionais bíblicos, a teologia clássica e
perene. O que vale é a “teologia de liquefação”, instantânea fusão, efêmera,
mutante, customizada ao sabor dos infiéis. As igrejas querem ser agradáveis a
todo custo, tornam-se personalizadas, cada um crê de um jeito diferente e ao
seu modo e gosto. Tudo é válido e espirituoso. É muito provável que, Deus,
segundo os exemplos da história da Igreja, manifeste uma reação à altura dessa
inquietação efêmera revertendo todo esse cenário para a Sua glória. Oremos por
um avivamento genuíno! -- Até quando, ó néscios, amareis a necedade? E vós,
escarnecedores, desejareis o escárnio? E vós, loucos, aborrecereis o
conhecimento? (Provérbios 1:22).
Deus
certamente acabará com os excessos e o “algo mais” dessa geração incrédula. Sua
poderosa mão abolirá os ruídos e interferência de Sua majestosa Palavra. Deus
pode e varrerá essa instabilidade, porque a boca do SENHOR o disse. Saberemos
quando entrarmos num verdadeiro avivamento quando o SENHOR varrer o
arminianismo, pentecostalismo e neo-pentecostalismo da face da terra, pois,
[Deus] destróis os que proferem mentira (Salmos 5:6).
O certo é
que a igreja Atual passa por um momento sem precedentes na sua história devido
a pluralidade e o caos das teologias. Mas graças ao Eterno que essa “sujeira
evangélica” não encobriu a visão de toda igreja, -- Reservei para mim sete
mil homens, que não dobraram os joelhos diante de Baal (Romanos 11:4), --
há pregadores, teólogos, escritores e irmãos multiplicadores que não se
deixaram contaminar ao ponto de perder o foco da mensagem que impacta e muda a
vida dos eleitos. Os propagadores da boa teologia e do bom caminho, antes de
tudo, são formadores de conceitos e opiniões.
Faz parte
da competência da boa teologia, reconhecer e combater os modismos, as
tendências antibíblicas, comparar os pontos de vista histórico, cultural e
social das gerações. As velhas heresias vão ganhando novas roupagens, e a atual
geração de evangélicos vêm reproduzindo formas de misticismos e arminianismo,
que sem dúvida prevalecem. Hoje em dia, raramente se busca produzir pregações e
estudos bem estruturados exegeticamente, ricos em doutrinas fundamentais da fé
cristã, “tal coisa é trivial”, pensa a massa evangélica. O que eles não sabem é
que estão apenas reproduzindo heresias já condenadas por cânones bíblicos. A
teologia pós-moderna não passa de rebelião, negando a Suficiência das
Escrituras. Nesse momento, a teologia sólida e perene passa a ser ignorada como
algo estranho e transforma-se em interpretações aleatórias e independentes,
porém ao mesmo tempo dependente do repertório e do gosto da massa evangélica
confiante. Tais não ouvem Jeremias 7.4 que diz: Não confieis em palavras
falsas, dizendo: Templo do SENHOR, templo do SENHOR, templo do SENHOR é este.
A Igreja
não precisa de uma teologia baseada na desordem, na irracionalidade e falta de
coerência, ele não precisa de pastores psicólogos que pregam de forma intuitiva
e comunicam somente amenidades aos ouvintes. Deus requer de seus profetas que
quebrem muitos paradigmas CONTRA O MUNDO e não que inovem em sua Palavra. Não
precisamos de um novo Evangelho. O respeito, a reverência e o temor ao estudar
e propagar o Evangelho é a marca característica dos genuínos pregadores.
Frases
para meditar:
“Tão
grande é a depravação do homem não-regenerado que, embora não haja nada que ele
necessite mais do que o Evangelho, não há nada que ele deseje menos”. (R. B. Kuiper)
“Se você
crê somente no que gosta do Evangelho e rejeita o que não gosta, não é no Evangelho
que você crê, mas, sim, em si mesmo”. (Agostinho)
1-Arminianismo: Em suma, Nega a doutrina da
predestinação incondicional e sustenta que Deus elegeu aqueles a quem previu
que creriam em Cristo. Sustenta que Cristo morreu por todos e nega a expiação
particular. Declara que a graça é resistível e que pode ser perdida.
2-Pentecostalismo: É um movimento religioso de
dentro do evangelicalismo avivalista e triunfalista, que coloca ênfase especial
em uma experiência direta e pessoal de Deus através do Batismo no Espírito
Santo.
3-Neopentecostalismo é uma versão carismática mais
mística e mercenária que o pentecostalismo. Enfatiza a batalha espiritual, a
confissão positiva, maldições hereditárias, possessões demoníacas, cura, poder
e prosperidade. É o movimento mais antibíblico do evangelicalismo.
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