Sola Gratia
Escrever sobre esses princípios
daria outro livro, de tão abrangente que é cada um desses temas, sem falar no
prazer que é discorrer sobre a preciosa graça do Senhor; a fé, Cristo, as
Escrituras, a Glória do Senhor.
Enquanto escrevo esta
apostila alguns amigos meus comentam, e sugerem alguns assuntos que seria
interessante abordar. O que irás ler a seguir foi escrito por um deles, o Rev.
Presb. Samuel Magalhães.
“A salvação não pode ser alcançada por obras meritórias
do homem. Não podemos conquistar a salvação por
força, por atos de bondade que fazemos, a salvação deve ser entendida
como algo que Deus nos dá como presente que não merecemos (Visão Agostiniana),
pois na linguagem dos puritanos ingleses
do século XVI “somos completamente incapazes e indispostos para qualquer
boa obra”. A nossa natureza esta sujeita a escravidão inerente a nossa natureza
corrompida que é completamente oposta a natureza de Deus (Jo 3. 3) somos deliquentes,
pois estamos transgredindo a lei do Supremo Legislador, então como ter paz com
Deus? Através da boa vontade de um Deus
ofendido por nossos maus atos, e esta vontade boa está manifestada em Cristo”.
Sola
Gratia quer dizer que a Graça do Senhor é o único
instrumento eficaz da salvação. A Bíblia nos ensina isso em vários livros e
epístolas que a compõem, porém, sem dúvida, não teria outro texto mais
abrangente e explicativo que Efésios capítulo II. Esse texto é uma das partes
mais fortes das Escrituras, onde retrata com clareza a nossa realidade como
seres humanos; onde o homem é
totalmente incapaz de fazer qualquer coisa para a sua salvação, pois está
espiritualmente morto em delitos e pecados. Esta doutrina da inabilidade total
do homem para salvar-se, que inclusive, foi um dos marcos da Reforma, é o
primeiro dos cinco temas que iremos abordar.
Efésios
2. 1 – 10:
1 Vocês
estavam mortos em suas transgressões e pecados, 2 nos quais
costumavam viver, quando seguiam a presente ordem deste mundo e o príncipe do
poder do ar, o espírito que agora está atuando nos filhos da desobediência. 3
Anteriormente, todos nós também vivíamos entre eles, satisfazendo as vontades
da nossa carne, seguindo os seus desejos e pensamentos. Como os outros, éramos
por natureza merecedores da ira. 4 Todavia, Deus, que é rico em
misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, 5 deu-nos vida com
Cristo, quando ainda estávamos mortos em transgressões – pela graça vocês são salvos.
6 Deus nos ressuscitou com Cristo e com ele nos fez assentar nos
lugares celestiais em Cristo Jesus, 8 para mostrar, nas eras que hão
de vir, a incomparável riqueza de sua graça, demonstrada em sua bondade para
conosco em Cristo Jesus. 8 Pois vocês são salvos pela graça, por
meio da fé, e isto não vem de vocês é dom de Deus; 9 não por obras,
para que ninguém se glorie. 10 Por que somos criação de Deus
realizada em Cristo Jesus, para fazermos boas obras, as quais Deus preparou
antes para nós as praticarmos.
Intimamente ligado ao princípio do Solus Christus está o da Sola Gratia. A Bíblia ensina que o homem
é totalmente incapaz de fazer qualquer coisa para a sua salvação. Está
espiritualmente morto em delitos e pecados (Rm 3. 9 – 23). Um morto nada pode
fazer sem que antes seja vivificado. No texto que acabei de apresentar, o
Apóstolo S. Paulo ensina como se operou a nossa salvação: "Ele vos deu vida,
estando vós mortos nos vossos delitos e pecados... e estando nós mortos em
nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, - pela graça sois
salvos" (Ef 2. 1, 5). Foi "pela graça", diz Paulo, que fomos
vivificados, estando nós mortos. Diferente do que era apresentado pela igreja
romana, as Escrituras nos mostram que o caminho da salvação do perdido pecador
é apenas Cristo, não há outro.
Segundo a teologia romana (possivelmente
firmada nas ideias de Pelágio e Tomaz de Aquino) o homem pode conhecer a Deus
através de sua razão, conhecimento que é chamado de Teologia Natural. O documento 1806 (Denzinger) do Concílio Vaticano
I (1869-1870) diz: "(Contra os que negam a teologia natural) - Qualquer
que disser que o Deus verdadeiro, nosso Criador e nosso Senhor, não pode ser
conhecido com verdadeira exatidão pelas coisas que foram feitas, pela luz
natural da razão humana, seja anátema (cf. 1785).[1]
Noutras palavras isso quer dizer, o homem tem a capacidade de encontrar o
caminho até Deus, pelas coisas que foram feitas e também pela luz da razão
natural humana. Sabemos perfeitamente que isso é uma das mais terríveis
heresias já formuladas por homens “bem intencionados”. A obra expiatória de
Cristo não precisa de nenhum adendo, ela foi perfeitamente completa. Por isso
eu amo uma das mais fortes frases já mencionadas por um pregador chamado
Leonard Havenhill, ele disse:
“Existem milhões de caminhos para o inferno, e
apenas Um para o céu”.
Não posso aprofundar muito, mas quero que saibam amigos, não são os métodos ou técnicas
humanas que operam a salvação, mas tão somente a graça regeneradora do
Espírito. A fé não pode ser produzida por uma natureza decaída e morta.
"Pois nós também, outrora, éramos néscios, desobedientes, desgarrados,
escravos de toda sorte de paixões e prazeres, vivendo em malícia e inveja,
odiosos e odiando-nos uns aos outros. Quando, porém, se manifestou a
benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com todos, não por obras de justiça praticadas por nós,
mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e
renovador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de
Jesus Cristo, nosso Salvador" (Tt 3. 3 - 5).
[1] - cf. F.H. Klooster, Introduction to Systematic
Theology (Grand Rapids: Calvin Theological Seminary, 1985, pp. 182 -183).
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Maique de Souza Borges, é teólogo, estudante e amante da música sacra. Membro da Igreja Assembleia de Deus em Brasília, casado e pai de um filho. Tem interesse especial pela História da Igreja. É o criador do site Cooperadores do Evangelho. Profissionalmente atua no ramo farmacêutico e brinca de músico e programador nas horas vagas.
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