Vivemos
hoje uma cultura da sensação onde é verdadeiro o que se sente, onde a emoção é
a mola propulsora das relações. Em tempos de pós-modernidade o tom é dado pelo
místico, experienciado concretamente na experiência.
Essa
centralidade da experiência está estampada nas diversas denominações do
cristianismo brasileiro (não só dele), sobretudo naquelas que assumem
conscientemente os elementos de certa espiritualidade neopentecostal ou carismática.
Não é sem
razão que a espiritualidade gestada nesses grupos/movimentos não contempla o
silêncio e a meditação como alguns de seus elementos formadores. Os cultos
acontecem à base de adrenalina, fazendo de seus participantes verdadeiros “Indiana Jones da fé”, aventureiros
ávidos por sensações.
Neste
reino das emoções, o trono está reservado para a experiência mística (que se
confunde, e faz confundir, com misticismo). Ela se torna não somente o alvo e o
centro de toda a espiritualidade, como também um dos principias alicerces a
partir dos quais toda essa clientela religiosa vive. A busca da experiência com
o sobrenatural e a posse de certos códigos de linguagem, identifica esses
movimentos tanto com o gnosticismo tardio, quanto com as religiões de mistério
greco-romanas.
A própria
escolha da comunidade que se vai “freqüentar”, passa pela capacidade que esta
tem de satisfazer certo conjunto de anseios e demandas. O trânsito acelerado
entre as mais diversas comunidades e grupos de oração é inevitável. Quando o
poço das experiências vai se esvaziando, busca-se um outro ainda mais
borbulhante. É como alguém que se sente num deserto, sofrendo a sequidão
existencial, que vendo um oásis, abandona instintivamente o seu quase vazio
cantil.
Busca-se
desesperadamente a experiência como verdade sem se preocupar muito com ela.
Importa usufruir emocionalmente da verdade sem se comprometer com as
implicações dela decorrentes, pois a experiência se torna a grande verdade.
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