O DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DA TEOLOGIA DE
PANNENBERG
Wolfhart Pannenberg (1928 - )[1] professor
de teologia sistemática na Universidade de Munich, representa uma ruptura com o
passado e uma nova ênfase na teologia alemã. Em seu intento de separar-se da
ênfase existencial de Rudolf Bultmann, situou a sua teologia na história,
particularmente na ressurreição de Jesus Cristo, que ele considera fundamental
no Cristianismo. Por isso, a teologia de Pannenberg pode-se chamar de “teologia
da história” ou “teologia da ressurreição”.
AFIRMAÇÕES DOUTRINÁRIAS NA TEOLOGIA DE
PANNENBERG
Enfatiza a necessidade da historicidade dos
eventos bíblicos para ter uma fé válida. Rejeita nisto a dicotomia de Karl
Barth entre historie e geschichte. É impossível proclamar o evangelho sem
pontuá-lo na história. Para Pannenberg toda a história é revelação. A revelação
ocorre por meio dos eventos históricos num nível horizontal, e não na vertical
proveniente de Deus. Assim, Pannenberg investiga a vida de Cristo a partir de
uma perspectiva histórica, e não em termos da revelação direta de Deus.[2] A
revelação através da história deriva dos eventos históricos, não somente das
Escrituras ou de Deus. Não há distinção entre a revelação natural e a especial.
A revelação por meio da história pode-se chegar a entender pela fé. A cegueira
espiritual está fora da discussão; portanto, Pannenberg ignora a questão do
pecado original.[3] O ponto culminante da revelação será no passado: a
ressurreição de Cristo. A diferença de Bultmann, para Pannenberg é que a
ressurreição não é um mito, mas sim um evento histórico.[4]
AVALIAÇÃO DA TEOLOGIA DE PANNENBERG
Ainda que Wolfhart tenha enfatizado a
necessidade da historicidade da ressurreição de Cristo, há defeitos notórios em
sua teologia.[5] Não identifica o homem em seu estado decaído e com necessidade
da graça divina; e ainda, para ele, o homem natural tem a capacidade de
entender a revelação na história. Com isto, rejeita a afirmação barthiana
segundo a qual “a verdade do Cristianismo entra no coração dos cristãos somente
pelo milagre da graça”.[6] Para Pannenberg a Bíblia não é a revelação. Continua
a tese da crítica histórica, pois sugere que o nascimento virginal é um mito.
Disse que a Bíblia contém erros, pois pois sugere imprecisões nos relatos da
ressurreição. Segundo ele, Jesus estava equivocado com a sua rerrurreição, pois
pensava que “coincidiria com o fim do mundo e a ressurreição geral de todos os
crentes.”[7] Faz com que a história seja a autoridade, no lugar das Escrituras;
e o indivíduo deve submeter-se ao intérprete da história, não as Escrituras.
Apesar da ênfase na história, Pannenberg
não segue a ortodoxia histórica, porque rejeita a Bíblia enquanto a revelação
de Deus para a humanidade. De fato, ele coloca a história como autoridade e não
a Bíblia.
NOTAS:
[1] Estudou na Universidade de Berlim e
doutorou-se em Teologia na Universidade de Heidelberg (1954), onde lecionou até
1958. Em seguida, ensinou em Wuppertal (1958-61), Mainz (1961-68) e Munique
(1968-1993) – Nota do tradutor.
[2] David Scaer,
“Theology of Hope” in Stanley N. Gundry e Alan F. Johnson, eds., Tensions in
Contemporary Theology (Chicago, Moody, 1976), p. 219.
[3] Ibidem.
[4] Wolfhart
Pannenberg, Faith and Reality (Philadelphia, Westminster, 1997), pp. 68-77.
[5] Harvie M. Conn,
Contemporary World Theology (Nutley, Presbyterian & Reformed, 1974), pp.
70-72.
[6] Carl F.H.
Henry, Frontiers in Modern Theology (Chicago, Moody, 1965), p. 74.
[7] Harvie M. Conn,
Contemporary World Theology, p. 71.
Permissões: Você está autorizado e incentivado a reproduzir, distribuir ou divulgar este material em qualquer formato, desde que informe o autor, seu ministério, e o tradutor, não altere o conteúdo original e não o utilize para fins comerciais.
0 Comentários
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente a opinião deste site.
Confira nossa Política de Comentários para se adequar aos padrões de ética e compliance da nossa comunidade.