O
espírito pós-moderno tem levado muitos crentes à banalização do sagrado.
Milhares de pessoas entram pelos umbrais da igreja evangélica, mas continuam
prisioneiras de suas crendices e de seus pecados. Têm nome de crente, cacuete
de crente, mas não vida de santidade. Em vez de ser instruídas na verdade, são
alimentadas por toda sorte de misticismo forâneo às Escrituras. Em vez
crescerem no conhecimento e na graça de Cristo, aprofundam-se ainda mais no
antropocentrismo idolátrico, ainda que maquiado de espiritualidade efusiva.
Dentro desta cosmovisão, os céus estão a serviço da terra. Deus está a serviço
do homem. Não é mais a vontade de Deus que deve ser feita na terra, mas a
vontade do homem no céu. Tudo tem de girar ao redor das escolhas, gostos e
preferências do homem. O bem-estar do homem e não a glória de Deus tornou-se o
foco central da vida. Assim, o culto também tornou-se antropocêntrico. Cantamos
para o nosso próprio deleite. Louvamo-nos a nós mesmos. Influenciados pela síndrome
de Babel, celebramos o nosso próprio nome.
Nesse
contexto, a mensagem também precisa agradar o auditório. Ela é resultado de uma
pesquisa de mercado para saber o que atrai o povo. O ouvinte é quem decide o
que quer ouvir. O sermão deixou de ser voz de Deus para ser preferência do
homem. Os pregadores pregam não o que o povo precisa ouvir, mas o que o povo
quer ouvir. O misticismo está tomando o lugar da verdade. A auto-ajuda está
ocupando o lugar da mensagem da salvação. Assim, o homem não precisa de arrependimento,
mas apenas de libertação, visto que ele não é culpado, mas apenas uma vítima. O
pragmatismo pós-moderno está substituindo o genuíno evangelho.
A banalização da teologia desemboca na vulgarização da ética. Onde não tem
doutrina bíblica sólida não pode haver vida irrepreensível. A teologia é mãe da
ética. A ética procede da teologia. Onde a verdade é substituída pela
experiência, a igreja pode até crescer numericamente, mas torna-se confusa,
doente e corrompida. O povo de Deus perece quando lhe falta o conhecimento.
Onde falta a Palavra de Deus, o povo se corrompe. Outrossim, onde não há
santidade, ainda que haja ortodoxia, o nome de Deus é blasfemado.
A
banalização do sagrado é visto claramente nas Escrituras. O profeta Malaquias
denunciou com palavras candentes o desrespeito dos sacerdotes em relação à
santidade do nome de Deus, do culto, do casamento e dos dízimos. A
religiosidade do povo era divorciada da Palavra de Deus. As coisas aconteciam,
o povo vinha ao templo, o culto era celebrado, mas Deus era não honrado. Jesus
condenou, também, a banalização do sagrado quando expulsou os vendilhões do
templo. Eles queriam fazer do templo, um covil de salteadores; do púlpito, um
balcão de negócios; do evangelho, um produto de mercado e dos adoradores,
consumidores de seus produtos. O livro de Samuel, outrossim, denuncia esse
mesmo pecado. O povo de Israel estava em guerra contra os filisteus, pensando
que Deus estava do lado deles, mesmo quando seus sacerdotes estavam em pecado.
Porém, quatro mil israelitas caíram mortos na batalha, porque o ativismo não
substitui santidade. O povo, em vez de arrepender-se, mandou buscar a arca da
aliança, símbolo da presença de Deus. Quando a arca chegou, houve grande júbilo
e o povo de Israel celebrou vigorosamente ao ponto de fazer estremecer o
arraial do inimigo, mas uma derrota ainda mais fatídica foi imposta a Israel e
trinta mil soldados pereceram, os sacerdotes morreram e a arca foi tomada pelos
filisteus. Alegria e entusiasmo sem verdade e sem santidade não nos livram dos
desastres. Rituais pomposos sem vida de obediência não agradam a Deus. Deus
está mais interessado em quem nós somos do que no que fazemos. Deus não aceita
nosso culto nem nossas ofertas quando ele rejeita a nossa vida. Antes de Deus
aceitar o nosso culto, ele precisa agradar-se da nossa vida. É tempo de
examinarmo-nos a nós mesmos e voltarmo-nos para o Senhor de todo o nosso
coração.
Por: Marcos de Sousa
Por: Marcos de Sousa
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