Passaremos a
examinar algumas questões que são importantes para entendermos a Perseverança
dos Santos, tais como:
·
O Verdadeiro Arrependimento;
·
A Verdadeira Conversão;
·
A Vontade de Deus.
.
Muitos da
tradição wesleyana/arminiana sustentam que é possível que alguém realmente
nascido de novo venha a perder a salvação, acredito que eles se apoiam, entre
outras passagens, no texto de Hebreus 6. 4 – 6:
Por que é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e se fizeram
participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e as virtudes
do século futuro, e recaíram sejam outra vez renovados para arrependimento;
pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o filho de Deus e o expõem ao
vitupério.
O verbo cognato
arrepender-se (gr. metanoeō - metanoeo) é ás vezes
usado para indicar não arrependimento (gr. metanoia
- metanoia) salvífico, mas
meramente pesar por ofensas individuais. No Novo Testamento este substantivo
significa um pesar sincero de ter dito, ou não, de ter feito ou não, alguma
cousa. Pena, dor de ter ofendido a Deus. Mudança de vontade, de parecer;
desistência de cousa feita ou empreendida. Então arrepender-se jamais pode ser
aplicado a Deus.
A Confissão de Fé de Westminster
diz: Os que Deus aceitou em seu Filho amado, que ele chamou eficazmente e
santificou pelo seu Espírito, não podem decair do estado da graça nem total,
nem finalmente; mas, com toda certeza hão de perseverar nesse estado até o fim
e serão eternamente salvos[1].
No tocante a salvação, não preciso dizer que também procede do
Senhor.
Efésios 2. 1 – 10:
E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados, em que, noutro tempo, andastes,
segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do
espírito que, agora, opera nos filhos da desobediência; entre os quais todos
nós também andávamos nos desejos da nossa carne e dos pensamentos; e éramos por
natureza filhos da ira, como os outros também. Mas Deus, que é riquíssimo em
misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em
nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e
nos ressuscitou juntamente com ele, e nos fez assentar nos lugares celestiais,
em Cristo Jesus; para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua
graça, pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus. Por que pela graça
sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós é dom de Deus. Não vem de
obras, para que ninguém se glorie. Porque somos feitura sua, criados em
Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos
nelas.
E a vontade de Deus permanece irrevogável assim como a salvação.
O redimido em, e por
Cristo permanece eternamente salvo. Não é o crente que persevera, é Deus quem o
mantém perseverante no seu reino. Leia o trecho abaixo extraído da Confissão de
Fé de Westminster – Inglaterra:
A Irrevogabilidade da
Salvação
No arminianismo, o pecador pode salvar-se
ou perder-se, pois tudo depende de sua decisão consciente, de seu livre
arbítrio. Livre arbítrio de condenado é contingenciado pela condenação. A
liberdade de um sentenciado à prisão, depois de recolhido ao cárcere, é aquela
do prisioneiro: extremamente limitada e condicionada ao regime prisional. O
pecador, condenado à alienação de Deus e penalizado com a morte, perdeu
inteiramente o livre arbítrio para decidir sobre sua liberdade espiritual e seu
destino eterno. Para a fé reformada, solidamente firmada nas Escrituras, a
salvação é um ato da livre graça de Deus que, desde a eternidade, elegeu o que
seria salvo em Cristo Jesus e, no tempo oportuno, durante o curso da existência
do preordenado, chamou-o eficazmente, vinculou-o ao seu Filho, regenerou-o e o
adotou como filho. As ações redentoras, todas rigorosamente previstas, são
irretocáveis e irreversíveis. Deixemos que a Palavra de Deus nos comprove tão
sublime e extraordinária verdade: Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão
eternamente, e ninguém as arrebatará de minha mão. Aquilo que meu Pai me deu é
maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém o pode arrebatar (Jo 10. 28, 29).
Todo aquele que o Pai me dá, esse vem a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum
o lançarei fora (Jo 6. 37). Deus predestinou, antes que o universo existisse, os que seriam seus
filhos, não por criação, mas por redenção em seu Filho amado, a Segunda Pessoa
da unidade Trina. A semente da fé justificadora, consequência da eleição,
reside em cada eleito, habilitando-o a ouvir, discernir, atender e seguir a voz
do Pastor (Jo 10. 4, 11, 14). Os que pertencem ao Pai por decretação eletiva
são eficazmente chamados e entregues aos cuidados pastorais de Jesus Cristo: Manifestei o teu nome aos homens que me
deste do mundo. Eram teus, tu mos confiaste, e eles têm guardado a tua palavra
(Jo 17. 6). O pecador não
“escolhe” seu Deus; este é quem “o escolheu e o chama” em Cristo Jesus (Jo 15.
16). A perseverança dos santos é uma graça divina, não obra do esforço humano
deliberado. Quem protege e segura o filho é o pai, não o contrário.
Observe:
A harmonia da
Trindade na Perseverança dos Santos.
|
Do Pai
|
Do Filho
|
Do
Espírito
|
Esta perseverança dos santos não depende do livre
arbítrio deles, mas da imutabilidade do decreto da eleição, procedente do
livre e imutável amor de Deus Pai.
|
Da eficácia do mérito e intercessão de Jesus
Cristo.
|
Da permanência do Espírito Santo e da semente de
Deus neles.
|
|
Referências:
|
Referências:
|
Referências:
|
|
Jr 31.
3
|
Lc 22.
32
|
Jo 14.
16, 17
|
|
Jo 13.
1
|
Jo 17.
11, 24
|
I Jo
2. 29
|
|
Rm 8.
35 - 39
|
Hb 9.
12 - 15
|
I Jo
3. 9
|
|
Ef 1.
4, 5
|
Hb 10.
10, 14
|
||
II Tm
2. 19
|
Seguindo na Confissão de Westminster e finalizando
leia com atenção o que se segue:
A Salvação Eterna
Não se pode pretender nem esperar que o temporal, limitado e perecível tenha poder sobre o eterno, imortal e ilimitado. A criatura, gerada em estado de subalternidade,
servidão e submissão, fica eternamente subordinada ao Criador, que dela dispõe
incondicionalmente. Deste modo, se é do propósito do soberano Pai eterno
escolher e manter sob sua proteção e tutela uma determinada pessoa, quem dentre
os finitos e limitadíssimos poderá contestar sua atitude? Os feitos de Deus
ultrapassam nossa capacidade de entendimento, não se enquadram na nossa lógica
humana e escapam às nossas prerrogativas racionais de apreendê-las, ajuizá-las,
modificá-las ou anulá-las. Melhor é concordar com Paulo sobre a incondicional
submissão às decisões divinas: Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?! Porventura, pode o
objeto perguntar a quem o fez: Por que me fizeste assim? (Rm 8. 20). A salvação é eterna, porque Deus é
eterno, perfeito e imutável; e perfeitos e imutáveis são todos os seus atos,
realizações e escolhas. Deus planejou a existência de todas as coisas com
rigorosa exatidão e eficiência. Quanto aos homens, seu cuidado de fazê-los
emergir de onformidade com o eterno projeto, foi extremamente zeloso, pois se
tratava da mais sublime das criaturas, criada com dupla dimensão, material e
espiritual, para sublimar a natureza e ligá-la em serviço, adoração e louvor,
ao Criador. Assim, o ser humano deveria ser, com perfeição, semelhante,
biologicamente, aos animais e, espiritualmente, a Deus, imago Dei. A queda, prevista e permitida, derrubou a humanidade e
conturbou a natureza, inclusive a fauna; mas dentre os caídos estavam seus
preordenadamente escolhidos para serem reconciliados com o Criador no
eternamente Eleito, nosso Senhor Jesus Cristo. Foi para e pelos predestinados à
filiação divina adotiva que o Filho de Deus encarnou-se, padeceu, foi
sacrificado e morreu para expiar-lhes os pecados; ressuscitando ao terceiro
dia, para ser-lhes Salvador e Rei eternamente. Todos os preordenados, por
pertencerem ao Pai celeste, são trazidos a ele por Jesus Cristo, o único
Mediador entre os eleitos e o Deus que os elegeu. Adotando-os como filhos,
concedendo-lhes a graça da semelhança com o Unigênito do Pai e primogênito da
nova humanidade por meio de Maria (Jo 1. 14, 18; cf. Rm 8. 29; Cl 1. 15). Os
predestinados à salvação serão eficazmente chamados, redimidos e filiados ao
Pai por meio de seu Filho: Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem
conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre
muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou,
a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou (Rm
8 29, 30). As Escrituras não
nos deixam em dúvida: somos indissoluvelmente vinculados a Cristo desde a
eternidade; vínculos inquebráveis que Deus estabeleceu, independente da
fragilidade, da debilidade e das fraquezas naturais e contingenciais do eleito.
Por: Maique Borges
Por: Maique Borges
Permissões: Você está autorizado e incentivado a reproduzir, distribuir ou divulgar este material em qualquer formato, desde que informe o autor, seu ministério, e o tradutor, não altere o conteúdo original e não o utilize para fins comerciais.
Maique de Souza Borges, é teólogo, estudante e amante da música sacra. Membro da Igreja Assembleia de Deus em Brasília, casado e pai de um filho. Tem interesse especial pela História da Igreja. É o criador do site Cooperadores do Evangelho. Profissionalmente atua no ramo farmacêutico e brinca de músico e programador nas horas vagas.
0 Comentários
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente a opinião deste site.
Confira nossa Política de Comentários para se adequar aos padrões de ética e compliance da nossa comunidade.