Amor ao Próximo

Pelo que pude observar, este tema é muito pouco comentado no meio dos cristãos reformados. Talvez uma das razões seja a má interpretação da palavra. No Velho Testamento é a expressão mais profunda de intimidade nas relações com Deus e com o próximo[1]. O significado de amor, como ágape, no Novo Testamento está ligado ao significado do Velho Testamento, embora o amor também seja, no grego, phileo (phileo), que significa uma profunda amizade pelo outro. É importante que vocês saibam, também, que o amor descrito nas Escrituras Sagradas, não refere-se ao nosso ideal do sentimento descrito como “amor”. Por que o amor nunca é um sentimento, um desejo, mas uma decisão de agir em favor do outro, como quando Paulo, escrevendo aos Romanos diz: “Deus dá prova do Seu amor para conosco, em que…, Cristo morreu por nós” (Rm 5. 8). Se este conceito estivesse acoplado à mente e ao coração dos cristãos, dificilmente veríamos essa imagem de Deus como um ser tão melancólico por conta do desinteresse dos homens.


Então, o que devemos crer relacionado a amor ao próximo?

Ora, nada além do que o Apóstolo Paulo nos descreveu: “… como povo escolhido de Deus, santo e amado, revistam-se de profunda compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência. Suportem-se uns aos outros e perdoem as queixas que tiverem uns contra os outros. Perdoem como o Senhor lhes perdoou. Acima de tudo, porém, revistam-se do amor, que é o elo perfeito” (Cl 3. 12 - 14).
O amor, ao qual o Apóstolo se refere (v. 14), trata-se do amor fraternal – Do grego philadelphia (philadelphia). É o amor daqueles que estão reunidos como comunidade fraterna, cujo compromisso é além do individual, pelo esforço de um bem comunitário.
Aqui, nós que professamos a mesma fé em Cristo, somos exortados a estarmos juntos em amor fraternal, aquele que não visa apenas seu próprio interesse, mas, também, o do próximo, guardando o mandamento de Amar ao Próximo Como a Si Mesmo, descrito pelo Senhor em João 13. 34 - 35: “Um novo mandamento lhes dou: amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros. Com isso todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros”. Observe que esse mandamento já existia (Lv 19. 18), entretanto Jesus disse “um novo mandamento…”. Isso é interessante por que, acredito eu, que a maioria dos judeus relacionavam a palavra “próximo” aos vizinhos – aquele que está perto, ou pertencente à comunidade judaica – só que Jesus traz um novo significado para o mandamento: no sentido aplicado por Cristo, a palavra tem uma extensão muito mais profunda, uma vez que qualquer ser humano pode ser considerado o próximo de outro, independente da posição social, riqueza ou concepção teológica. A parábola do bom samaritano ilustra bem esse conceito (Lc 10. 25 – 37). Você pode observar esse sentimento altruísta em Atos 4. 32 – 37.
Então é necessário que nós vivamos de acordo com esses princípios. Os verdadeiros eleitos de Deus vivem em profunda comunhão, eu jamais poderei ser eleito, verdadeiramente eleito por Deus, se eu cultivo o rancor, mágoa, ou até mesmo o ódio contra qualquer pessoa (1 Jo 4. 7 – 21). Tais sentimentos são totalmente contrários ao caráter moral de Deus, Ele, portanto tem aversão a esses “sentimentos”.
Se ainda ficou algum pondo obscuro gostaria de ler com você um pequeno texto para esclarecer e finalizar esse assunto:

Mateus 25. 31 – 46:

31 “Quando o Filho do homem vier em sua glória, com todos os anjos, assentar-se-á em seu trono na glória celestial.
32 Todas as nações serão reunidas diante dele, e ele separará umas das outras como o pastor separa as ovelhas dos bodes.
33 E colocará as ovelhas à sua direita e os bodes à sua esquerda.
34 “Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘venham, benditos de meu pai! Recebam como herança o Reino que lhes foi preparado desde a criação do mundo.
35 Pois eu tive fome, e vocês me deram de comer; tive sede e vocês me deram de beber; fui estrangeiro, e vocês me acolheram;
36 necessitei de roupas, e vocês me vestiram; estive enfermo, e vocês cuidaram de mim; estive preso, e vocês me visitaram’.
37 “Então os justos lhe responderão: ‘Senhor, quando te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber?
38 Quando te vimos como estrangeiro e te acolhemos, ou necessitado de roupas e te vestimos?
39 Quando te vimos enfermo ou preso e fomos te visitar?’
40 “O Rei responderá: ‘Digo-lhes a verdade: O que vocês fizeram a algum dos meus menores irmãos, a mim o fizeram’.
41 “Então ele dirá aos que estiverem à sua esquerda: ‘Malditos, apartem-se de mim para o fogo eterno, preparado para o Diabo e os seus anjos.
42 Pois eu tive fome, e vocês não me deram de comer; tive sede, e nada me deram para beber;
43 fui estrangeiro, e vocês não me acolheram; necessitei de roupas, e vocês não me vestiram; estive enfermo e preso, e vocês não me visitaram’.
44 “Eles também responderão: ‘Senhor, quando te vimos com fome ou com sede ou estrangeiro ou necessitado de roupas ou enfermo ou preso, e não te ajudamos?’.
45 “Ele responderá: ‘Digo-lhes a verdade: O que vocês deixaram de fazer a alguns destes mais pequeninos, também a mim o deixaram de fazê-lo’.
46 “E estes irão para o castigo eterno, mas os justos para a vida eterna”.


 (NVI)
[Ênfase Minha]
Por: Maique Borges
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Maique Borges

Maique Borges

Maique de Souza Borges, é teólogo, estudante e amante da música sacra. Membro da Igreja Assembleia de Deus em Brasília, casado e pai de um filho. Tem interesse especial pela História da Igreja. É o criador do site Cooperadores do Evangelho. Profissionalmente atua no ramo farmacêutico e brinca de músico e programador nas horas vagas.